Reconstrução da cidade de Penedo é destaque em portal nacional
O jornalista, professor universitário, documentarista, roteirista e cineasta, Antônio Carlos Leal de Moraes, mais conhecido como Ninho Moraes, após marcar presença em mais uma edição do Circuito Penedo de Cinema, escreveu um artigo sobre o trabalho de reconstrução do município ribeirinho que vem sendo desenvolvido na atualidade.
O artigo, que foi publicado no portal eletrônico da Associação Brasileira de Cinematografia (ABC), ressalta a importância do trabalho que vem sendo desenvolvido em Penedo, principalmente no tocante a recuperação de equipamentos importantes para sétima arte, além de enfatizar que foi graças ao cinema que o município ribeirinho ocupou lugar de destaque no Brasíl em décadas passadas.
Confira o artigo na íntegra:
Através da educação, a Associação Brasileira de Cinematografia tem participado de um importante momento da re-construção de um Festival de Cinema, que também visa a criação de uma indústria do audiovisual em Alagoas e a recuperação de uma das maiores salas de exibição do Brasil. Trata-se do Circuito Penedo de Cinema, que é realizado em uma cidade histórica – a terceira Vila do Brasil, criada em 1615 -, às margens do Rio São Francisco.
Só neste ano, 2018, quatro associados da ABC estiveram no evento que aconteceu de 27 de novembro a 2 de dezembro na cidade alagoana: eu, Carlos Klachquin, ABC (consultor da Dolby) e os fotógrafos Lucas Pupo e Fernanda Tanaka.
Vamos para a história: Penedo-AL sediou um importante Festival Nacional entre 1975 e 1982. Grandes filmes, como Bye Bye Brasil, foram lançados lá. Dezenas de artistas e realizadores participavam do evento que acontecia todo mês de janeiro no suntuoso Hotel São Francisco, que tinha a melhor sala de cinema do Nordeste, com 1.200 lugares, apesar de ficar numa cidade pequena, de apenas 60 mil habitantes. A região e a cidade sofreram muito com os seguidos represamentos no rio São Francisco, que passou a receber barragens e mais barragens. A economia não resistiu com a falta de água que a irrigava. O rio praticamente morreu e o Festival foi junto.
Há 10 anos, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), que tinha acabado de criar um polo com duas Faculdades (Engenharia da Pesca e Turismo), resolveu apostar num provável Curso de Audiovisual. Apesar de não fazer parte da Instituição, ajudei numa proposta pedagógica e nos contatos externos para um Festival de Cinema Universitário, junto com o então coordenador do polo, Sérgio Onofre. Traçamos as primeiras linhas e começamos a bolar o evento. Dois anos depois, incansável, Sérgio lançou o primeiro festival e até hoje segue no comando geral de uma boa estrutura e organização. Uma nova geração de audiovisual está surgindo na região. O incrível é que Alagoas, junto com Rondônia, era o único Estado da Federação que não contava com nenhuma Lei de Incentivo. O evento foi um sucesso para uma população carente de entretenimento. Mas, o mais importante, é que estava guiado pelo vetor Educação: cursos, oficinas e workshops voltados para a criação de uma mão de obra local.
Em 2016, o Circuito Penedo ganhou forma e, além do Festival Universitário, foi retomado o Festival do Cinema Brasileiro, mas apenas para curtas, que em 2018 chegou a sua décima primeira edição (usando a contagem dos anos 70-80), além da Mostra Velho Chico, que estimula o Cinema Ambiental. Enquanto isso, a Ufal comprou um pequeno cinema da cidade (sim, Penedo tinha dois cinemas…), onde está criando a estrutura para um futuro Curso Universitário. Além disso, lançou desafios para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e a Prefeitura ajudarem na recuperação do Cine São Francisco.

Um dos grandes diferenciais do Circuito Penedo está na área educacional, ponto de encontro importante com a ABC. Todo ano eu sigo para Penedo como colaborador da programação, debatedor com os realizadores (produtores, diretores e atores) dos longas convidados e professor de cursos – caso de Direção de Atores que ministrei agora em novembro (foto abaixo, ao lado dos diretores Julio Hey e Luiza Villaça) -, e já convidei vários profissionais da ABC para ministrar oficinas, com destaque para Tide Borges, ABC, técnica de som.
Resumo da Ópera: neste ano, o cinema está em fase final de restauro e recebeu a visita técnica de Carlos Klachquin, que está preparando um projeto de projeção e áudio para a sala. Klachquin também deu uma palestra sobre o Som no Cinema. Já Fernanda Tanaka ministrou uma Oficina sobre Direção de Fotografia para interessados de todo Brasil e Lucas Pupo fez uma integração com o Curso de Engenharia da Pesca, ministrando um workshop de cinematografia subaquática para 15 alunos (foto acima).
O Circuito Penedo de Cinema é realizado pelo Instituto de Estudos Culturais, Políticos e Sociais do Homem Contemporâneo (IECPS), em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e com a Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas (Secult), com patrocínio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e da Prefeitura de Penedo. Para saber mais, acesse as redes sociais e o site do Circuito Penedo de Cinema.
Ah, os imensos murais que embelezam o Cine São Francisco foram feitos nos anos 1970 pelo artista pernambucano Lula Cardoso Ayres. Só de olhar já dão imenso prazer….
Nos vemos em Penedo em 2019!

