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Quem será beneficiado com a nova economia?

A interrogação sobre as mudanças das políticas governamentais fica diuturnamente no pensamento do empresariado em geral, independente do porte da empresa, durante todo o período de transição entre o governo do país que sai e o que assumirá.

A partir de janeiro do próximo ano o país terá um velho governo novo, composto de pessoas que já governaram durante um período recente de quatorze anos. A nossa memória registrou que a orientação programática partidária desse governo é keynesiana, que defende que a ação do Estado nas políticas econômicas do país para atingir o pleno emprego e o equilíbrio econômico, resumindo: governo intervencionista na economia, diferentemente do que foi prometido e não cumprido pelo governo que está saindo, que era uma política liberal com pouca intervenção governamental e avanço substancial na venda e concessão de empresas e patrimônio público, em suma mais Brasil e menos Brasília.

Vários comentaristas de economia que escrevem nas diversas mídias consideram que o atual cenário econômico nacional – desequilíbrio fiscal, inflação instável, orçamento engessado, economias dos países desenvolvidos afetadas pela guerra da Ucrânia sem perspectiva de acabar, juros altos e outras variáveis negativas, não permitirá que ocorram, a médio prazo, mudanças que não sejam moderadas para que o governo construa um ambiente adequado para a adequação à sua matriz econômica/desenvolvimentista.

A nós brasileiros resta apenas ficar atentos aos sinais emitidos pelo presidente eleito e coordenadores das diversas comissões que trabalham nesse momento de transição. O primeiro sinal foi dado na última semana do período eleitoral, quando o então candidato eleito divulgou a Carta Para o Brasil do Amanhã contendo treze itens, o número é emblemático, como 1) desenvolvimento econômico com investimentos, 2) desenvolvimento social com trabalho e renda, 3) desenvolvimento sustentável e transição ecológica, 4) educação, 5) saúde, 6) habitação e infraestrutura, 7) segurança, 8) cultura e esportes, 9)direitos humanos e cidadania, 10) reindustrialização do Brasil, 11) agricultura sustentável, 12) política externa e 13) democracia e liberdade.

Essa carta não fugiu da quase totalidade dos planos de governos que os candidatos divulgam nos períodos eleitorais, é genérica e ambígua utilizando-se de termos vagos como no item relativo à saúde (5): …vamos fortalecer o SUS, retornar o Farmácia Popular, implantar o Médico para o Brasil para atender a população de todos os municípios brasileiros…., similar ao que já vimos desde a redemocratização do país. E os demais itens seguem esse mantra.

Os outros sinais, esses devem ser observados com maior atenção, são os perfis das pessoas que integrarão essas comissões e as declarações divulgadas na mídia impressa e televisiva, porém os sinais mais importantes que estão para vir serão as pessoas escolhidas para dirigir os ministérios. Conhecidos os integrantes dos ministérios, principalmente os que mais influenciarão na economia, na educação, na saúde, na infraestrutura, relações exteriores, agricultura, comércio, indústria e chefia do gabinete, teremos condições de realizar projeções futurísticas se as promessas serão cumpridas ou ficarão nas quimeras que estamos cansados de ver e que sempre produziram os mesmos resultados.

Conhecidos esses nomes, a tarefa do empresariado é preparar-se para o comportamento do ambiente negocial no segmento econômico em que atua. Conhecendo-se os perfis dos atores principais do governo, a lição de casa é fazer projeções de como se comportará esse ambiente geral a todas as empresas e o ambiente específico à sua atividade. Será otimista, será pessimista ou não ocorrerão mudança permanecendo similar ao atual?

Em nosso entorno a prevalência é de micro, pequenas e médias empresas, que dependem do rendimento das pessoas que ganham até R$ 10.000,00, sendo a principal faixa em torno de um salário mínimo até R$ 3.000,00 mensais e que a maioria dessas empresas são do segmento do comércio e serviços pois o segmento industrial e de turismo ainda são muito incipientes e a o agronegócio produz poucos empregos, o que nos faz dependente da transferência de recursos externos como fundos de participação, aposentadorias, salário de empresas estatais e principalmente do Bolsa Família, como voltará a ser denominado.

A pergunta mais pertinente nessas horas é como esses empresários locais se prepararão para o futuro de seus negócios, Já tratei anteriormente nesse espaço que carecemos de órgãos, públicos e privados, que discutam, treinem, orientem e conheçam as necessidades de conhecimento da maioria do empresariado, para que a maioria saiba como aproveitar as mudanças, que são constantes e intensas, no seu ambiente negocial, agindo proativamente e deixem de agir reativamente como bombeiros, tentando minimizar o que já aconteceu.

Sempre quando vejo o slogan da Cooperativa Pindorama “ninguém é forte sozinho” fico me perguntando por que o empresariado local não faz um benchmarking dessa afirmação e começa a discutir o que o ambiente negocial, que é extensivo a todos, pode lhe favorecer.

Uma das declarações recentes do presidente eleito é sobre o problema fiscal versus a fome no país, que vem provocando um verdadeiro alvoroço, mas qual delas prevalecerá e quem poderá tirar proveito? Em caso de dúvidas é perguntar qual a posição do Papa Francisco.