Apesar da tendência de queda de 49% do desmatamento na Amazônia, apontada até agora pelo sistema Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), só será possível avaliar a magnitude da redução com os dados de outro sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), que calcula a taxa anual consolidada. O levantamento deve ser divulgado em novembro.
“O Inpe não está afirmando que o desmatamento vai cair 50%. Além do problema da cobertura de nuvens, existe o problema dos pequenos desmatamentos”, disse hoje (9) o diretor do instituto, Gilberto Câmara.
O Deter, que fornece alertas mensais para a fiscalização, só consegue enxergar registrar derrubadas maiores do que 25 hectares, que representam 40% dos desmatamentos atuais. “Cada vez mais os desmatamentos são pequenos. Essas áreas menores do que 25 hectares, os chamados puxadinhos, são as mais difíceis de detectar”, acrescentou Câmara.
Dados do Inpe mostram que o desmate está cada vez menos concentrado no chamado Arco do Desmatamento e tem se espalhado pela Amazônia em pequenas derrubadas. Atualmente, os desmates maiores do que mil hectares representam cerca de 10% do total verificado pelos satélites. Já as derrubadas de áreas menores do que 25 hectares correspondem a 60%.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que o governo está alterando a estratégia de fiscalização do governo para acompanhar essa mudança do perfil das derrubadas na Amazônia.
“A fiscalização também está focada nesses puxadinhos. Mudou o desafio, estamos trabalhando cada vez mais nas pequenas propriedades, o que só aparece quando temos o dado consolidado”, disse.
Apesar das diferenças de metodologia entre o Deter e o Prodes, a ministra acredita que a tendência de queda do desmatamento será confirmada. “O resultado acumulado [no Deter] é muito bom. Foi como no ano passado, divulgamos mensalmente a tendência de queda com o Deter e, no fim do ano, o Prodes deu a menor taxa de desmatamento dos últimos 20 anos.”
O ministro de Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, arriscou um palpite e disse que a taxa anual de desmatamento poderá ficar em torno de 5 mil quilômetros quadrados (km²) ou 5,5 mil km² este ano. Em 2009, o desmate medido pelo Inpe foi de 7,4 mil km², a menor registrada em 20 anos de monitoramento.
Gilberto Câmara, do Inpe, anunciou a operação de dois novos satélites para ampliar o monitoramento da floresta. Em 2011, o instituto vai lançar o Cbers-3 e em 2012, o Amazônia-1. “Os satélites vão melhorar capacidade de observação, tanto para o Deter quanto para o Prodes”, explicou o diretor do instituto.