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Cultura

Quarta Macabra leva curtas de terror para espaço alternativo em Penedo

Mostra tradicional do evento ocupou imóvel histórico com estética sombria e exibiu cinco produções nacionais na noite desta quarta-feira (12) - Foto: Assessoria

A noite caiu sobre Penedo com um convite ao medo e à inquietação. A tradicional Quarta Macabra, parte da Mostra Cineclubista do Circuito Penedo de Cinema, reuniu amantes do cinema de terror em uma exibição especial de curtas-metragens que exploram diferentes facetas do gênero. A sessão aconteceu em um imóvel localizado na Praça Marechal Deodoro, em frente ao Cine Penedo, adaptado especialmente para a proposta da mostra em um ambiente escuro, de paredes descascadas e atmosfera rústica que reforçou a tensão das obras exibidas.

A proposta da Quarta Macabra é apresentar narrativas que dialogam com o fantástico, o psicológico, o estranho e o perturbador, sempre a partir de uma curadoria voltada ao cinema autoral e experimental.

A curadoria da Quarta Macabra também ganhou novos contornos nesta edição, como explica Marcos Muniz, produtor executivo do Circuito.

Segundo ele, a seleção dos cinco curtas exibidos surgiu a partir de um recorte interno da própria Mostra Competitiva do Cinema Brasileiro, que recebeu mais de 800 inscrições este ano. Dos títulos que não avançaram para a competição oficial, o corpo de jurados identificou obras com força narrativa e estética alinhada ao terror, resultando na formação da sessão especial. Os filmes foram então convidados a integrar a Quarta Macabra, reforçando a diversidade de linguagem presente no circuito.

“A escolha dos cinco curtas se deu a partir do filtro da Mostra Competitiva do Cinema Brasileiro. Os jurados identificaram a importância dessas obras dentro da linguagem do terror e sugeriram que elas integrassem a sessão especial. Mesmo não passando para a competitiva, elas foram convidadas a participar do evento, porque reconhecemos a relevância dessas propostas estéticas e narrativas”, explicou.

Nesta edição, foram exibidos cinco filmes de diferentes regiões do país, com temáticas que vão da crítica social ao simbolismo metafísico.

Em “Essa Noite Minha Alma Partirá” (2025, SP), dirigido por Igor Vasco, a jovem Kumani presencia situações estranhas em seu último dia de trabalho como empregada doméstica. Em “A Sombra de Um Uuturo” (2025, PR), de Gabriel Borges, Rosa é assombrada por um sonho misterioso e mergulha numa busca noturna por respostas. “Tarefa” (2025, RJ), de Thiago Rosestolato, acompanha dois irmãos que vivem uma rotina de estudos rígida e enfrentam cobranças inquietantes dos pais.

O filme baiano “Ataques Psicotrônicos” (2024), dirigido por Calebe Lopes, adota uma abordagem alegórica com referências religiosas e visões apocalípticas, enquanto “Não olhe Para Mim” (2025, SP), de Natasha Atab, apresenta uma jovem envolvida em uma vila inglesa que a conduz a uma realidade sufocante e sublime.

Entre os presentes na exibição estava Edval Santos, cineasta e realizador do Circuito de Cinema de Caruaru, em Pernambuco. Para ele, a proposta da mostra reforça o caráter inovador e múltiplo da programação. “A curadoria é muito bem pensada, os filmes são únicos e a estrutura deste ano funcionou muito bem. O espaço escolhido para a Quarta Macabra ampliou ainda mais a experiência. Quem acompanha festivais sente quando tudo está bem conectado”, comentou.

Além das sessões de exibição, Edval também destacou os debates promovidos pela Mostra Cineclubista e a importância de circular por eventos como o de Penedo. “A gente está aqui para ver, discutir, trocar. Não é turismo, é troca real. E o Circuito proporciona isso com muito cuidado”, completou.

Assessoria