O promotor-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI), Luis Moreno-Ocampo, pediu nesta segunda-feira (16) a emissão de um mandado de prisão contra o líder líbio, Muammar Khadafi, e dois de seus colaboradores por crimes contra a humanidade.
Moreno-Ocampo disse que Khadafi, seu filho, Saif Al-Islam, e o chefe da inteligência líbia, Abdullah Al-Sanussi, carregam a maior parte da responsabilidade por “amplos e sistemáticos ataques” contra civis.
Os juízes do TPI terão ainda de decidir se emitem ou não os mandados de prisão.
O governo líbio já anunciou que vai ignorar o anúncio de quaisquer mandados. O vice-ministro das Relações Exteriores do país, Khalid Kaim, disse que o tribunal é um “bebê da União Europeia” e que suas práticas são “questionáveis”.
Segundo Khalid, a Líbia não reconhece a jurisdição do tribunal, assim como a maioria dos países africanos e os Estados Unidos, e vai ignorar qualquer anúncio.
O promotor afirmou que, após rever mais de 1,2 mil documentos e analisar 50 entrevistas com pessoas-chave e testemunhas, seu gabinete tem evidências de que Khadafi tenha “ordenado pessoalmente ataques contra civis líbios desarmados”.
Ele disse que está praticamente pronto para um julgamento, baseado na qualidade e quantidade dos testemunhos – particularmente das pessoas que escaparam da Líbia. Segundo Moreno-Ocampo, os três homens são suspeitos de cometer crimes contra a humanidade em duas categorias – assassinato e perseguição – sob os estatutos que regem o tribunal.
As acusações abrangem os dias que se seguiram ao início dos protestos contrários ao governo, em 15 de fevereiro. Estimativas indicam que entre 500 e 700 pessoas foram mortas somente naquele mês.
Os promotores também estão analisando provas sobre a suposta ocorrência de crimes de guerra depois que a situação evoluiu para um conflito armado, incluindo alegações de estupro e ataques contra africanos da região subsaariana, confundidos com mercenários.
A partir de agora, os juízes do TPI podem decidir por aceitar as acusações, rejeitá-las ou pedir informações adicionais.
Se Khadafi for denunciado, esta será apenas a segunda vez em que o TPI emitirá um mandado de prisão para um chefe de Estado. O presidente do Sudão, Omar Al-Bashir, já foi indiciado por crimes cometidos na região de Darfur, incluindo genocídio.
O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) deve entregar um relatório sobre os supostos crime de guerra ao Conselho de Segurança no dia 7 de junho.