Graças à parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), Alagoas tem se destacado na elaboração e execução do plano estadual que põe em prática o projeto Água Doce, cujo objetivo é estabelecer uma política pública de acesso à água de boa qualidade para a população alagoana. A informação é da engenheira civil Amanda Lima, coordenadora adjunta do Projeto Água Doce e diretora de Gestão da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh).
Segundo Amanda, um dos impulsos dados ao programa é fruto do investimento na ordem de R$ 1,5 milhão com contrapartida do governo de Alagoas, assinado em março deste ano, e que proporcionou a cerca de 80 comunidades do Estado uma água de qualidade, levando-se em conta cidades com os menores índices pluviométricos, ausência ou dificuldade de acesso a outras fontes de abastecimento de água potável, além de maior índice de mortalidade infantil.
“Hoje o programa atende em média 50 famílias por cada sistema instalado. Em Alagoas, esse número é atualmente de 10. A pretensão é implantar mais 24 sistemas de dessalinizadores e mais uma unidade demonstrativa”, informa a coordenadora.
Somente nas cidades de Palmeira dos Índios, Estrela de Alagoas e Santana do Ipanema foram instalados 10 equipamentos.
“Essas três cidades são cidades-polo, que abrangem os municípios como Traipu, Igaci, Girau do Ponciano, Major Izidoro, Cacimbinhas, Minador do Negrão, Batalha, Piranhas, São José da Tapera, Senador Rui Palmeira, Canapi e Inhapi, entre outros.
Amanda Lima destaca ainda que um dos fatores que têm impulsionado o projeto Água Doce no Estado são as capacitações destinadas aos multiplicadores, técnicos e prefeituras municipais. Dentro desse contexto, as pessoas se habilitam a fazer instalação e manutenção dos equipamentos.
Para tanto, a Semarh tem realizado capacitações em parceria com o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) em Palmeira dos Índios e na cidade de Santana do Ipanema.
“Em 2009 já havíamos capacitado técnicos de diversas prefeituras e trabalhadores nas mais variadas funções como eletricistas, encanadores e outros, além de estudantes e professores da universidade. Em 2010, voltamos a promover outra capacitação, dois dias em Palmeira dos Índios e outros dois dias em Santana do Ipanema”, informa a engenheira da Semarh.
Dessas capacitações, acrescenta a engenheira, surgiram várias associações que hoje estão devidamente habilitadas a manusear os equipamentos nas comunidades contempladas com os dessalinizadores.
Cada comunidade deve indicar, no mínimo, três pessoas para a capacitação e, posteriormente, fazer a manutenção dos equipamentos.
Amanda diz que os operadores dos equipamentos serão pagos, em sua maioria, pelas prefeituras municipais ou por associações de moradores. O sistema de dessalinização é composto por poço tubular profundo, bomba do poço, reservatório de água bruta, abrigo de alvenaria, chafariz, dessalinizador, reservatório de água potável, reservatório e tanques de contenção de concentrado (efluente).
Segundo ela, a água subterrânea salobra ou salina é captada por meio de poço tubular profundo e armazenada em um reservatório de água bruta. Em seguida, essa água passa pelo dessalinizador, que utiliza o processo de osmose inversa.
“Essas capacitações estão sendo importantes porque tiram a dependência das comunidades em relação à prefeitura, porque os envolvidos podem agir sem precisar de um técnico da prefeitura, uma vez que nas capacitações estão inseridos técnicos de outros órgãos do poder público, como a própria Secretaria de Agricultura”, acrescenta.
O funcionamento dos dessalinizadores acontece pelo processo chamado de osmose inversa, que é um processo no qual membranas que funcionam como um filtro de alta potência conseguem retirar da água a quantidade e os tipos de sais desejados, separando a água potável daquela concentrada em sais. A água dessalinizada é armazenada em um reservatório de água potável para distribuição à comunidade, e o concentrado fica em reservatório para ser encaminhado aos tanques de contenção e evaporação. Um dessalinizador de pequeno porte pode gerar 1,2 mil litros de água por hora.
A água salobra, que antes era jogada no lençol freático, hoje é usada em tanques de criação de peixes e na irrigação de uma planta chamada atriplex, conhecida como erva-sal, que precisa de água e sal para sobreviver. A planta serve de alimentação para ovinos e caprinos.