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Projeto de sustentabilidade hídrica garante kits de energia solar a famílias ribeirinhas

As famílias beneficiadas são atendidas pela associação Amigos

Impactar, transformar; essas são palavras que podem definir bem o objetivo do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) ao finalizar e entregar o projeto de geração de energia fotovoltaica para sustentabilidade hídrica no município de Cedro, em Pernambuco. O trabalho que instalou kits de placas solares em 60 casas, e que deve garantir a redução de gastos com energia elétrica e sustentabilidade, aconteceu entre os meses de maio e novembro e foi encerrado com a realização de uma capacitação e seminário final.

As famílias beneficiadas são atendidas pela associação Amigos Especiais de Maria Clara (AME Clara), voltada ao tratamento de pessoas com deficiência, que selecionou, com apoio dos agentes municipais de saúde, as pessoas com maior necessidade de redução de custos. O objetivo foi garantir a elas melhores condições junto ao tratamento de crianças, jovens e adultos com algum tipo de deficiência. A associação existe desde 2009 e atende a quase 200 famílias.

De acordo com a presidenta da associação, Maria Cleomar Bem Leite Nelson, o município de Cedro, que tem cerca de 11 mil habitantes, contabiliza mais de 1 mil pessoas com alguma deficiência ou síndrome. “Há mais ou menos 10 anos, começamos a identificar essas famílias e constatamos que existiam muitas, mas que a gente não sabia porque elas se afastaram do convívio social. Foi então que a associação AME Clara surgiu através da necessidade que enxergamos em ajudar e também por ter o exemplo da minha filha que tem uma deficiência. O preconceito me doía muito, ficava muito triste porque as pessoas olhavam para ela com pena”, explicou lembrando que a assistência a essas famílias é fundamental para seu desenvolvimento como um todo.

Com isso, atendendo aos critérios estabelecidos pelo edital de Chamamento Público nº02/2019 do CBHSF para a seleção de projetos com foco na sustentabilidade hídrica no semiárido, que teve como público-alvo municípios, associações, cooperativas, ONGs, prefeitura, dentre outros, a associação AME Clara foi um das primeiras contempladas na bacia do São Francisco. A instalação dos kits de energia solar, fonte limpa e renovável, atendeu a famílias de 21 localidades da zona rural de Cedro contribuindo com a redução do impacto local sobre o meio ambiente.

Avaliações da empresa executora e do CBHSF

“Esse projeto teve uma preocupação muito importante quando você envolve beneficiários com esse tipo de perfil sócio-econômico, porque ele obrigou a contratada, no caso a minha empresa, a organizar eventos; teve um seminário inicial, treinamento para esclarecer as dúvidas, seminário de encerramento, e eu acho isso absolutamente essencial porque é uma forma de você interagir com o público que está atendendo, mostrando quais são os objetivos do projeto. Essa foi uma oportunidade de, pela primeira vez, nos envolvermos um projeto que tem essa preocupação com o engajamento das pessoas que estão sendo beneficiadas, e eu fico bastante feliz por causa disso”, afirmou o engenheiro eletricista e proprietário da empresa responsável pelos serviços, a Solarterra Engenharia, Mário Sergio Cassoli Dias.

A empresa SolarTerra Engenharia foi contratada pelo CBHSF, por meio da Agência Peixe Vivo, para a execução dos serviços concluídos no último final de semana. No entanto, a empresa já disponibilizou um técnico que deve atender a eventuais chamados das famílias em relação aos seus kits de energia solar. Os kits têm um ano de garantia e vida útil de 25 anos, o que possibilita entre outros benefícios a ausência de poluição e contaminação ambiental. O valor investido integralmente pelo CBHSF, com recursos oriundos da cobrança pelo uso da água bruta da bacia do São Francisco, foi de R$ 1.250.000,00.

“O Comitê vem, há tempos, reforçando que o Brasil precisa investir em novas matrizes de geração de energia elétrica; limpas e sustentáveis, isso é urgente para aliviar a pressão sobre a bacia do São Francisco que tem, ao longo do seu leito, cinco hidrelétricas. E criar essa nova linha de ação, prevista no plano de recursos hídricos do CBHSF é exatamente alertar para a necessidade urgente e mostrar que é possível fazer. É possível atender as comunidades ribeirinhas, é possível fazer mais por elas e também pelo São Francisco”, afirmou o Coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Cláudio Ademar.

Os sistemas de geração de energia solar fotovoltaica são conectados à rede elétrica e devem contribuir ainda para a redução da dependência do uso de madeira nativa da caatinga em propriedades rurais. O trabalho realizado pela Solarterra instalou os equipamentos, realizou o comissionamento, além de ter efetivado o acesso junto à concessionária de energia elétrica em conformidade com as Resoluções ANEEL 482/2012, 687/2015 e 786/2017, e diretrizes técnicas da Neoenergia Pernambuco. As famílias beneficiadas também receberam treinamento e capacitação para utilização da infraestrutura.