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Sergipe

Programa Cuidar-SE disponibiliza mais de 330 mil absorventes na rede pública

Iniciativa ofertou absorventes gratuitamente nas escolas estaduais para pessoas que menstruam - Foto: Assessoria

Garantir a prevenção em saúde dos estudantes é democratizar o acesso ao ensino. Por isso, o Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seed), fortaleceu as ações do programa Cuidar-SE, oferecendo 338.783 absorventes nas escolas da rede pública estadual de ensino em 2025. São ações que preservam a saúde de pessoas que menstruam nas escolas da rede, enfrentam a evasão escolar e fortalecem a educação pública de Sergipe.

Com o público-alvo de 75.464 estudantes, o Programa Estadual de Promoção, Proteção e Prevenção da Saúde Menstrual – Cuidar-SE faz parte das iniciativas do Departamento de Apoio ao Sistema Educacional (Dase), dentro do Serviço de Projetos Escolares para os Direitos Humanos (SEPEDH). A ação é destinada às pessoas que menstruam, ajudando a mantê-las na escola durante os dias de menstruação, com a oferta gratuita de absorventes na rede pública estadual de educação. Desde a sua criação, em 2024, já foram investidos R$ 3.217.451,87 em absorventes.

O secretário de Estado da Educação e vice-governador do Estado, Zezinho Sobral, destaca a importância do programa. “O programa Cuidar-SE assegura a disponibilização gratuita de absorvente higiênico íntimo e outros cuidados básicos de educação em saúde, higiene pessoal e saúde menstrual no âmbito da rede pública estadual de ensino. Ele vai além do ambiente escolar ao abordar temas relevantes para a saúde e bem-estar das estudantes. O ‘Cuidar-SE’ alcança todas as nossas escolas e o público de 9 a 21 anos de idade, promovendo dignidade e cidadania”, afirma o secretário.

A chefe do Serviço de Projetos Escolares para os Direitos Humanos, Adriane Damasceno, enfatiza o impacto do programa na vida dos alunos. “Essas ações vão no sentido de reduzir a abstenção escolar, melhorar o rendimento e o processo de ensino-aprendizado. Nós vemos que a política se fortalece cada vez mais nas instituições de ensino. Ao adquirir o absorvente na escola, a pessoa não apenas adquire o insumo, mas também recebe a compreensão do cuidado com o seu corpo”, ressalta.

O programa ajuda a capacitar alunos e comunidade escolar a compreenderem e naturalizarem o ciclo menstrual. O objetivo é entender que o ciclo faz parte do corpo, devendo ser, portanto, respeitado e cuidado, garantindo o conforto para as pessoas que menstruam. O Cuidar-SE também ajuda a compreender a saúde sexual das estudantes e a higiene corporal, garantindo a conscientização quanto ao início das atividades sexuais e ensinando os devidos cuidados quanto à saúde reprodutiva e a prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

Programa em prática

As escolas da rede pública estadual de ensino assistidas pelo ‘Cuidar-SE’ têm, em comum, o desejo de preservação da saúde dos estudantes. Não apenas, para pessoas que menstruam, mas, também, para toda a comunidade escolar, unida no propósito de mais qualidade de vida para todos, menor evasão escolar e fortalecimento da educação pública.

No centro-sul sergipano, a Diretoria Regional de Educação 2 (DRE 2) recebeu 38.264 pacotes de absorvente para a distribuição nas escolas. Uma delas foi o Centro de Excelência Dr. Milton Dortas, localizado na cidade de Simão Dias. O diretor da escola, Geraldo Henrique, explica que a escola recebe os insumos e faz planejamentos para a aplicação do programa.

“Nós apresentamos o programa no início do ano. Para isso, a gente tem o planejamento com os nossos colegas e os professores, e tomamos a decisão de não separar o público masculino do público feminino; então, a gente faz com todo o público estudantil. O público masculino também faz parte desse processo de conhecimento do corpo feminino e da necessidade dos respeitos e limites que as mulheres têm. E a gente percebe certos tabus, quando se fala em ciclo menstrual, em gravidez, e sobre o início da atividade sexual”, explica, reforçando que esses temas ainda são pouco trabalhados entre os jovens.

A escola realiza palestras para os alunos, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Simão Dias e com o ‘Cuidar-SE’, trazendo enfermeiros e psicólogos para abordar a saúde sexual e reprodutiva e os direitos das mulheres. Além disso, faz a distribuição dos absorventes regularmente, disponíveis nos banheiros femininos.

“O Cuidar-SE é um programa de pura cidadania feminina, mas que, na minha opinião, acaba abrangendo também toda a comunidade. Eu acho o programa belíssimo, mas, por incrível que pareça, as meninas têm uma certa resistência. A gente percebe o quanto ainda o público feminino, as meninas reagem com uma certa restrição, para falar sobre o seu corpo e sobre a sua cidadania”, diz o diretor, que reforça a necessidade de trabalhar, frequentemente, sobre a dignidade da mulher na escola.

As alunas Débora dos Santos e Aleuvania Ailla são amigas de longa data e estudam juntas no 1° ano do Ensino Médio do Centro de Excelência Dr. Milton Dortas. Elas são assistidas pelo programa, utilizando os absorventes distribuídos nas escolas. As duas falam que a garantia desses insumos democratiza o acesso à saúde básica, com o custeamento de absorventes, o qual, em muitos casos, é de difícil acesso para estudantes em realidade socioeconômica frágil.

“Acredito que, para as minhas colegas e para outras pessoas que menstruam, o programa é importante, porque pode ter alguém que realmente não tenha como comprar os absorventes. E, sinceramente, isso ajuda demais, passa mais segurança e já ‘tira um peso’ da cabeça sem ter que faltar”, conta Débora.

Ailla e Débora, juntamente com outros alunos das primeiras séries do Ensino Médio na escola, participaram de uma atividade prática desenvolvendo vídeos e produções textuais sobre a dignidade menstrual e o cuidado com o corpo das pessoas que menstruam, temas do ‘Cuidar-SE’. Sob a orientação da professora de Biologia, Darci Cainana Alves, os estudantes pesquisaram o tema e trouxeram dados importantes sobre a questão.

“Na disciplina de Biologia, o conteúdo foi trabalhado de maneira associada com reprodução, fecundação e embriologia. Fiz um planejamento que teve, como ações, a leitura da cartilha, uma discussão crítica sobre o tema, organização pelo grupo do conteúdo e o passo a passo das produções (redação ou vídeo). Foi trabalhado no decorrer da quarta unidade, em algumas turmas em setembro e em novembro”, detalha a professora na sociedade e o quanto ele merece ter dignidade, autonomia e ser respeitado.

Agência Sergipe