×

Alagoas

Produção de piabas fortalece cadeia alimentar no rio São Francisco

Produção de piabas em cativeiro tem como objetivo recuperar cadeia alimentar no rio São Francisco

O reduzido número no rio São Francisco de espécies forrageiras de peixes, especialmente a piaba, compromete a cadeia alimentar das demais variedades de peixes desse ecossistema. Para combater essa situação, técnicos do Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Itiúba (Ceraqua São Francisco), centro tecnológico da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) localizado em Porto Real do Colégio (AL), estão produzindo piabas para inserção no rio e em seus afluentes.

Segundo o engenheiro de pesca Álvaro Albuquerque, chefe do Ceraqua São Francisco, já foram inseridos na bacia do rio São Francisco em Alagoas cerca de 50 mil peixes forrageiros, espécies que servem de alimentos para as variedades carnívoras, a exemplo do dourado e do surubim. Até o final do ano, deverão ser inseridos mais 50 mil piabas nas águas do rio São Francisco e seus afluentes em Alagoas, a exemplo do rio Itiúba, localizado em Porto Real do Colégio, e na várzea da Marituba do Peixe, situada entre os municípios de Penedo, Piaçabuçu e Feliz Deserto.

Menos espécies herbívoras

“A inserção desses peixes irá contribuir com o fortalecimento da oferta de alimentos para as espécies carnívoras da cadeia alimentar desse ecossistema. Espécies herbívoras, aquelas que se alimentam de fitoplânctons e que estão na base da cadeia alimentar, tiveram uma redução drástica em seus estoques pesqueiros ao longo dos anos na bacia do rio São Francisco, provocada, principalmente, pela mudança no ciclo natural das cheias a partir da construção de barragens para produção de energia elétrica e pela introdução de espécies exóticas de peixes carnívoros, predadores dos estoques pesqueiros”, explicou o engenheiro de pesca da Codevasf Álvaro Albuquerque.

O chefe do Ceraqua São Francisco lembra que há alguns anos ainda era possível visualizar grandes cardumes de piabas no rio São Francisco, imagem que hoje se tornou uma raridade. Para dar uma dimensão da necessidade urgente de aumento dos estoques pesqueiros de espécies forrageiras, ele explicou que, para se produzir em ambiente natural 1 quilo de peixes carnívoros, são necessários 10 quilos de peixes forrageiros.

“O resultado positivo da inserção de piabas no São Francisco irá repercutir tanto para o pescador, que terá mais pescado a sua disposição, quanto para esse importante ecossistema representado pela bacia do rio São Francisco, que terá garantias de revitalização”, definiu Álvaro Albuquerque.

Do rio para viveiros escavados

Ação da Codevasf acontece no Ceraqua, situado em Porto Real do ColégioA produção das piabas tem início com a captura de peixes no ambiente natural, ou nos canais de irrigação do Perímetro de Irrigação do Itiúba. Esses peixes capturados são utilizados como matrizes reprodutoras em viveiros escavados no centro tecnológico da Codevasf, no qual são estocados e alimentados para que possam ter um desenvolvimento e estarem prontos para reprodução de alevinos. Em quarenta dias, os animais estão prontos para o peixamento, no qual são inseridos nas águas do rio São Francisco e seus afluentes.

Para o superintendente regional da Codevasf em Alagoas, Antônio Nélson de Azevedo, também é preocupação da companhia e do Ceraqua São Francisco produzir espécies nativas que recomponham o estado natural da cadeia alimentar e contribuam para o equilíbrio ambiental desse importante ecossistema que é a bacia hidrográfica do rio São Francisco.

“Essas ações estão inseridas no Programa de Revitalização do Rio São Francisco. O Ceraqua São Francisco, como centro tecnológico da Codevasf inserido neste programa, identificou o desequilíbrio e agora estamos produzindo soluções que promovam a vida nas águas do São Francisco”, argumentou Antônio Nélson. Ele ainda acrescentou que, aliada à produção de espécies com valor comercial, a exemplo da tilápia gift, a produção de espécies nativas para recomposição da ictiofauna do São Francisco é uma das missões do centro tecnológico da companhia.