
Celebração ao Bom Jesus dos Navegantes está com seu percurso por terra garantido
A celebração ao Bom Jesus dos Navegantes em Penedo está com seu percurso tradicional assegurado. Por questões de segurança, a parte terrestre da procissão que acontece no próximo domingo, 09, havia sido modificada, alteração que não foi aceita pela comunidade do bairro Santa Cruz, onde está situada a capela que guarda a imagem do padroeiro dos navegantes, ponto de partida do percurso concluído com a procissão fluvial no Rio São Francisco.
A modificação que mobilizou a comunidade da Santa Cruz eliminava o trecho da capela até o ponto conhecido como Sete Casas, final da rua Santa Cruz. “Eu passei esse aviso durante a missa de ano novo, desde então a comunidade se mobilizou, junto com a comissão organizadora da celebração e a secretaria municipal de Cultura para reverter a mudança e, graças a Deus, conseguimos manter o percurso tradicional”, disse o padre Cristiano Firmino Nóia, pároco da catedral diocesana de Penedo.
Dragões da Polícia Militar
Dessa forma, a procissão terrestre prevista para começar às 15 horas partirá da capela da Santa Cruz até as Sete Casas, retornando pela mesma via. Na entrada para a Rua Manoel Braz, dois “Dragões da Polícia Militar”, guardas de honra da cavalaria da corporação, seguirão à frente do cortejo que percorrerá a Rua e a Travessa Campos Teixeira, alcançando a Travessa Batista Acioly e desta para o porto da balsa, chegada prevista para as 16 horas.
O episódio da mudança do trajeto tradicional da procissão terrestre remete à longa história do maior evento católico da região do Baixo São Francisco. Até 1914, a celebração era realizada no convento franciscano de Penedo, com adoração à imagem do Cristo Agonizante. Do lado de fora da Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, o povo se divertia com a chamada parte profana da data festiva, diversão que incomodava os frades da época e motivo alegado para colocar um fim à celebração.
Escultura de Cesário Procópio dos Martyres
Desprestigiados pela ordem religiosa, os fiéis decidiram encomendar ao mestre santeiro penedense Cesário Procópio dos Martyres uma escultura para que pudessem manter a tradição. Por intermédio de Antonio José dos Santos, conhecido por Antonio Peixe-Boi, o renomado artesão Cesário Procópio, homem de fé e conhecedor da Bíblia, produziu a imagem que passou a representar o protetor dos navegantes, obra de arte posteriormente reproduzida a partir da peça original que permanece sob a guarda dos devotos da Capela de Santa Cruz.
A imagem inspirada na passagem bíblica que relata o fim de uma tempestade no Lago de Genezaré por ordem do Cristo, escultura copiada na maioria das cidades ribeirinhas de Sergipe e de Alagoas que durante os meses de janeiro e de fevereiro renovam sua fé durante a celebração ao Bom Jesus dos Navegantes.