O diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, que está em Alagoas para participar da XVI Plenária Ordinária da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, destacou o trabalho que vem sendo realizado pelo governo do Estado no que diz respeito aos temas relacionados aos recursos hídricos. Ele se posicionou de forma favorável à transposição e revitalização do Velho Chico e à contrução de cisternas, com o intuito de garantir água potável à população da região do Semiárido, além de falar sobre o papel da agência diante da obra do Canal do Sertão, que hoje é realidade.
“Não conheço o volume de recursos de Alagoas destinados à área de recursos hídricos, mas tenho acompanhado que há uma sensível atenção por parte do governo do Estado em relação a esta temática, seja com a presença constante e firme no Comitê da Bacia do São Francisco, seja através da estruturação de uma secretaria, como também na disposição de estar finalizando, com o apoio da ANA, um plano estadual de recursos hídricos. Sem dúvida nenhuma, os sinais dados por Alagoas são extremamente positivos”, afirmou.
Segundo Vicente, a transposição do São Francisco tem um efeito positivo, já que todos os recursos arrecadados com a oferta da água serão destinados à revitalização da Bacia. “Eu sou amplamente favorável à transposição e acredito que a cobrança da água que será ofertada vai garantir um recurso contínuo a ser investido na revitalização. Eu acho justo e legítimo que o rio possa levar, com sustentabilidade, desenvolvimento e qualidade de vida à população do Semiárido”, afirmou.
Quando questionado sobre o Canal do Sertão, que virou realidade em Alagoas depois de mais de 20 anos, e onde estão sendo investidos recursos da ordem de R$ 1,5 bilhão – sendo R$ 30 milhões de contrapartida do Estado somente no trecho já concluído -, o diretor-presidente da ANA ressaltou que o Canal pode garantir a sustentabilidade econômica e social da região.
Segundo ele, a ANA teve a responsabilidade de conceder a outorga preventiva à obra em 2002 e, desde então, vem acompanhando, junto ao Estado, o cumprimento das condicionantes previstas no documento.
“Por ser um curso d’água federal e que envolve recursos federais, o papel da Agência diante do Canal do Sertão é verificar as condições de disponibilidade do Rio, de viabilidade conceitual do projeto e de sustentabilidade hídrica. Concedemos a outorga em 2002 e ela vem sendo renovada desde então. O Semiárido brasileiro é o mais populoso do mundo e a questão da água é uma questão estratégica que pode ser um fator limitante para o desenvolvimento econômico e social das regiões”, ressaltou Vicente.
Para ele, a intervenção do homem junto à natureza, como acontece no Canal do Sertão, é algo benéfico, apesar de muitas pessoas pensarem de forma diferente. Vicente destaca a importância de outros fatores também serem levados em conta, no que diz respeito ao Canal do Sertão. “Evidentemente existe uma disputa dos pontos de vista ambiental, do licenciamento, dos impactos, da garantia do acesso das pessoas à água e da sua utilização. Com certeza, a situação não se resolve com a existência do canal, pois existe um conjunto de outros problemas que devem ser analisados e que são legítimos de serem tratados”, disse.
Vicente Andreu se mostrou completamente favorável à construção de cisternas, que têm levado água para as famílias do Semiárido em todo o país. Somente em Alagoas, mais de mil cisternas já foram entregues, e outras 400 ainda estão em fase de construção.
“Hoje as cisternas já possuem dois compartimentos, de forma que as pessoas podem fazer um manejo mais adequado em relação à água. As cisternas são muito úteis para as comunidades isoladas. É uma tecnologia simples e que tem trazido muitos benefícios”, destacou.
Outro exemplo citado pelo presidente da ANA, no que diz respeito à realização de um trabalho sustentável, é o programa Água Doce, que visa implantar dessalinizadores na água, de forma que a própria comunidade realize o manejo e obtenha água potável e salobra na mesma proporção.
Vicente explica que a água salobra é obtida e colocada em tanques utilizados na criação de tilápias – que representa proteína e renda para a comunidade. Depois de descartada dos tanques, a água é destinada à irrigação de plantas forrageiras, que servem de alimento para os animais. “Você tem um ciclo totalmente fechado, onde não há contaminação”, falou. No Estado, o núcleo de ciração de tilápias que mais se destaca é o do município de Estrela de Alagoas.
ANA – A Agência Nacional de Águas (ANA) foi criada em 2000 e tem como missão principal fazer a regulação e a fiscalização dos serviços de água bruta no Brasil, no que tange à qualidade e quantidade.