Por diversos motivos, algumas pessoas não conseguem frequentar a escola no período da infância, o que acaba acarretando em dificuldades pessoais e profissionais ao longo da vida. Para garantir o acesso à educação de adultos e idosos, a Prefeitura de Aracaju investe na Educação de Jovens e Adultos (EJA), possibilitando a alfabetização e aprendizagem no período noturno.
A coordenadora Fátima Oliveira, explica que a EJA em Aracaju está estruturada em ciclos e etapas. A primeira fase de alfabetização compreende adultos e jovens a partir dos 15 anos que perderam a oportunidade da escolarização na idade correta. “Esse resgate é muito importante para a autoestima e também para inserção no mercado de trabalho. A EJA é uma oportunidade de recomeço”, considera.
Fátima destaca que os prejuízos para quem não sabe ler e escrever são muitos, impactando diretamente ações cotidianas como marcar uma consulta, preencher um formulário, fazer um concurso. “Os alunos procuram a EJA como uma forma de inserção no mundo globalizado. Muito além do que buscar um emprego, eles buscam o aprendizado para a realização de sonhos, que podem ser realizados ao aprender a assinar o próprio nome e saber ler”, expressa.
A professora Katiuscia Correia atua há 13 anos na EJA. Para ela, o maior prazer é trocar o aprendizado com os alunos. “Aqui a gente não vem somente para ensinar, mas também para aprender. É uma alegria toda noite que a gente compartilha o conhecimento com eles”, afirma.
A maior recompensa Para Katiuscia é acompanhar o aprendizado dos alunos e ver que eles podem compreender o mundo de outra maneira. “São histórias de vida carregadas de muitas aprendizagens, mas vêm para cá aprender o letramento, para poder avançar ainda mais”, comenta.
A professora relata que o maior desafio é fazer com que os alunos não desistam, pois a maioria vai à escola cansada, depois de um dia extenuante de trabalho. “Por isso quem trabalha na EJA precisa se reinventar toda noite, para mantê-los aqui com a gente, para que não desistam da aprendizagem. Mas é muito gratificante, aqui fazemos amizade e vemos que estamos contribuindo para a construção social da comunidade”, salienta.
Sempre é tempo de aprender
Vandete Silva, 80 anos, é aluna do primeiro ciclo da EJA. Ela conta que é natural do povoado Lagoa da Pedra, em Aracapiraca, onde não tinha escola, então a vida foi dedicada à lavoura e ao cuidado dos filhos. Mas nunca abandonou o sonho de estudar, que está sendo realizado agora, depois que se matriculou na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Oviêdo Teixeira, no bairro Olaria.
Para Vandete, a escola é um local onde se sente bem acolhida. “Estou aqui para relizar meu sonho de aprender a ler. As professoras são muito prestativas, gosto muito delas. Os colegas também são tudo gente boa. Meus filhos me dão a maior força para estudar”, relata.
Por causa da idade, muitas pessoas têm vergonha de voltar à escola, por receio de sofrer algum tipo de preconceito. Fátima enfatiza que não existe existe idade para buscar o conhecimento. “Estudar é um direito, um exercício de inclusão e cidadania. A EJA está preparada para acolher os alunos, com toda a estrutura e professores preparados. Não precisa ter nenhum receio, quem tem vontade de retomar os estudos deve procurar a escola e desfrutar desse direito que muda a vida”, incentiva a coordenadora.