Um aparelho colocado no ouvido interno do paciente serve para recuperar a audição de quem perdeu totalmente a capacidade de ouvir ou para gerar esse sentido naquelas pessoas que nunca ouviram. Trata-se da cirurgia de Implante Coclear ou Ouvido Biônico, fornecidas pela Prefeitura de Aracaju através da Secretaria Municipal de Saúde.
Aprovadas em 2013, as cirurgias foram iniciadas em maio de 2014 e encaminhadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para Hospital São José. O Programa de Saúde Auditiva foi liberado pelo Ministério da Saúde para realizar apenas dois implantes por mês. “A demanda é grande. Temos mais de 50 pessoas na fila para o implante coclear”, destacou Dr. Jeferson D'Ávila, responsável pelo Programa.
“Há mais de 12 anos esse serviço é pleiteado por nós, foi uma luta tremenda de idas e vindas para o Ministério da Saúde. Estamos tendo um apoio muito grande do atual secretário de Saúde, Luciano Paz, porque ele quer resolver as coisas. Depois que ele assumiu tudo realmente começou a dar certo”, enfatizou, explicando a importância da vinda do Programa para Sergipe.
O implante
O serviço conta com uma equipe interdisciplinar, que é composta por fonoaudiólogo, otorrinolaringologista, psicólogo e assistente social. Todo paciente que vá fazer tratamento para a cirurgia precisa passar por uma triagem com todos esses profissionais, para então uma seleção ser feita. São quatro passos para o funcionamento do aparelho: o primeiro é o encaminhamento, segundo é a cirurgia, terceiro é a ativação e o quarto a fonoterapia, que é o acompanhamento constante de toda a equipe.
“O Implante Coclear é um braço da Saúde Auditiva. E só em indicado em casos de perda auditiva severa ou profunda”, declarou Dr. Roberto Setton, cirurgião otorrinolaringologista. A idade ideal para que a criança faça a cirurgia é a partir de um ano. Para aquelas já nasceram surdas a idade máxima é entre cinco ou seis anos. O implante também pode ser feito em adultos que nascem com perfeito estado auditivo e perdem a audição por algum motivo.
Ativação do aparelho
Através de um software de computador o aparelho é ativado e o paciente então começa a ouvir. “É uma coisa maravilhosa, tem que ter um preparo muito grande, porque o paciente se assusta, chora, e é muito emocionante. É muito especial”, disse Dr. Jeferson.
No momento da ativação é importante que todos os profissionais estejam presentes, pois as reações são diversas. “A ativação é fantástica. É uma surpresa, não sabemos como serão as reações”, destacou a fonoaudióloga, Sulamita Chagas.
E se as surpresas são boas para os médicos, para os familiares e pacientes são ainda melhores. “Eu quero que ela ouça, que venha a me escutar um pouco”, disse a Keila Cristina Silva Santos, mãe da Yasmim Milena Silva de dois anos e 11 meses, que recebeu o Implante Coclear. Segundo a Keila, quando nasceu o teste da orelhinha detectou que a Yasmim podia ouvir, mas com 1 ano e 3 meses ela só tinha 10% de audição.
O Carlos Daniel Teodózio dos Santos, de cinco anos nasceu ouvindo, mas a partir de um ano e sete meses começou a perder a audição. Segundo a mãe, Sônia Maria Teodózio, a causa da perda de audição do Carlos Daniel não foi detectada e não é congênita. “Quando o levamos ao médico especialista, ele tinha dois anos e já tinha perdido 70% da audição”, declarou a Sônia. Durante a ativação do aparelho, foi possível ver a alegria do Carlos em poder ouvir. “É muita emoção, inexplicável. Agora é o começo de uma nova fase”, declarou Sônia Maria, emocionada.
