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Prefeitáveis: Vitória ou o Ostracismo Político

 Temos um forte pressentimento que o presente pleito para prefeito reveste-se de uma especial peculiaridade que acena para a sobrevivência do vencedor e o ostracismo político para o perdedor. Embora essa disputa possa parecer restringir-se aos dos principais candidatos Israel e Marcio, ela se desdobra de fato em um triunvirato com o interesse do carreirista Alexandre Toledo no resultado positivo do atual pleito, fazendo parte, assim, da roleta russa que sorteará para a vida ou a morte.

 Todos têm um histórico pela administração municipal, sendo Israel de menor tempo no exercício, mas que não impede de ser avaliado pelo eleitor. Os dois outros, com mandatos mais extensos, certamente merecerão um julgamento mais rígido e cuidadoso, razão porque estão mais sujeitos a serem jogados na fogueira e ver reduzidas às cinzas suas trajetórias políticas. Eis porque nesse tripé de vida ou morte, dois estão na dependência um do outro e uma pergunta nos surge: saberá o eleitor separar a candidatura do Israel dos reflexos negativos do Alexandre, relativos aos seus desatinos políticos que marcaram sua ultima e breve gestão? Do outro lado, temos o Marcio que está tentando uma segunda reeleição e caso não obtenha êxito, fatalmente será uma vítima da memória popular, fraca por natureza, que o relegará ao completo esquecimento.

Em resumo, a principal curiosidade dessa campanha tem a ver com uma visão futurista na qual o derrotado deve estar ciente de que será alijado, a longo prazo ou definitivamente, das disputas eleitorais, sem previsão de ventos favoráveis a um retorno feliz. A verdade é que estamos assistindo uma luta de três náufragos na qual dois procuram ajuda mútua, tentando safar-se das águas turbulentas ou se arriscando a se afogarem num abraço mortal, enquanto o outro, sob o peso de alguns desacertos do passado, tem de sobreviver sozinho. Com quem está a vantagem? Não sabemos.

De outro lado, certo estamos que se nenhum dos nossos candidatos a prefeito é anjo, nenhum chega a atingir a estatura de um demônio. Como não estaremos a fazer uma avaliação celestial, não dispensando sequer os pequenos pecados, devemos, no entanto, ficar atentos e inteirar-nos daquele que possa tê-los no seu potencial altamente prejudicial à nossa cidade e não venhamos mais tarde nos arrepender da nossa escolha. E isso só é possível se feita com muito critério, sem paixão pessoal pelo candidato, não deixando de se inteirar de suas qualidades, para não transformar a seriedade de uma eleição num simples reisado, com uma torcida entre o verde e o encarnado.

Próximo a essa realidade, há ou houve um teatro móvel representado nos carros de propaganda dos candidatos, consistindo na crítica mordaz de um contra o outro, expondo deslizes de suas respectivas administrações. Seria esse lamaçal a melhor bússola para orientar o eleitor? Desconfiamos da eficácia desse expediente de agressões verbais que só servem para atordoar o eleitor na sua maioria, que cada vez mais fortifica a sua convicção e a sensação de estar perdido, irremediavelmente, numa selva de insaciáveis corruptos. Sucumbindo a essa realidade, que esperamos não aconteça, o eleitor sério ficará na melhor das hipóteses impotente, incapaz de se decidir e, na pior, totalmente indiferente ao pleito, que não é a melhor decisão.

Há muito foi dada a partida e nós, eleitores, semelhantes a expectadores da arena romana de gladiadores, sem o gosto pelo sangue, ficamos no aguardo para ovacionar o vencedor e lamentar contristados ou não, o ostracismo político do vencido.