O projeto do Ponto de Cultura ‘Músicos no Coreto’, da cidade do Ribeirópolis, tem contribuído para mudar a realidade dos jovens do município. A música tem sido o carro-chefe da iniciativa, viabilizada pela Orquestra Filarmônica Padre Manoel (OFPM), que conta com financiamento do Ministério da Cultura (MinC) e Secretaria do Estado da Cultura, através do Programa Cultura Viva.
O ‘Músicos no Coreto’ é um projeto de formação de jovens músicos entre 10 e 16 anos. “Nós oferecemos aulas de segunda a sexta-feira para 80 crianças da sede do município e do povoado Queimada. Tem pais de alunos que também se interessam e começam a participar das aulas”, explica o coordenador do Ponto, Odair José da Silva.
Antes de ser contemplado no edital do Ponto de Cultura em 2011, a escola de música da Orquestra Filarmônica funcionava apenas dois dias por semana e atendia um número bem menor de jovens do município. Odair conta que o Ponto de Cultura possibilitou ampliar o número de vagas, contratar novos instrutores e aumentar os dias de funcionamento da escola, que passou a atender de forma gratuita de segunda a sexta-feira.
“A única exigência que fazemos para que eles participem do projeto é que eles estejam estudando e que tirem notas boas na escola”, ressalta Odair. Após o curso de formação e dependendo do desempenho nas aulas de música, os jovens estão aptos a participar da banda musical juvenil da Filarmônica, que vem conquistando diversos títulos. “Nós somos bicampeã norte-nordeste e tricampeã estadual na categoria”, enfatiza o coordenador do projeto que também é diretor musical e músico da banda.
O jovem Renato Lima Santos, 14 anos, é um dos alunos do projeto. Ele conta que começou a fazer as aulas através do incentivo de um amigo e hoje não pensa mais em largar a música. “É muito bom. Conheci vários instrumentos, mas me adaptei melhor ao trombone. Agora o objetivo é fazer parte da banda”, diz. Para ele, a parte mais difícil é manter as notas altas na escola. “Para continuar no projeto preciso estudar muito e tirar notas boas na escola, por enquanto estou indo bem”, ressalta.
Segundo o maestro responsável pela banda filarmônica, Antonio da Silva, todos os alunos da escola de música, ao completarem 18 anos, conseguem passar no vestibular. “Acredito que a música auxilia e ajuda muito no desenvolvimento intelectual. Se a gente olhar direitinho vai ver que tem muito pouco músico nas penitenciárias. A música educa o ser humano e dá noção de limites e disciplina”, explica o maestro, que está à frente do grupo desde a sua fundação, em 2001.
Estrutura
O financiamento recebido através do programa do ‘Pontos de Cultura’ também possibilitou uma grande reforma estrutural na sede da Orquestra Filarmônica. O prédio, cedido pela prefeitura do município, conta hoje com instalações mais adequadas para os ensaios do grupo e para as aulas de música. “Nós conseguimos arrumar a sede e colocamos isolamento acústico para não incomodar os vizinhos”, explica Odair José.
Segundo Odair, o Ponto de Cultura foi um incentivo muito grande para que a Orquestra pudesse crescer e ganhar mais visibilidade no município. Ele conta que no início, quando a Orquestra foi fundada, em 2001, as dificuldades para manter o grupo funcionando eram muitas. “Não foi fácil formar a primeira banda. A comunidade não tinha interesse, não sabia o que era uma filarmônica, mas hoje já contamos com algum incentivo, até porque antes a cidade não tinha nada, nenhum tipo de diversão e hoje tem a orquestra”, enfatiza.
Atualmente, além de ser reconhecida como uma forma de entretenimento para a população, a Orquestra vem se destacando por conta do projeto de formação dos jovens, potencializado através do Ponto de Cultura.
Cristiane Pina é tia de duas integrantes do projeto e, para ela, Ribeirópolis estava precisando de uma iniciativa como essa. “Aqui não tinha nada para eles, nenhum divertimento. Eu vejo como elas se empolgam e juntam o grupinho para ir para as aulas, é muito bonito. Esse é um projeto maravilhoso”, opina.
O maestro Antonio da Silva afirma que a orquestra já se tornou um ponto de referência para a cidade. “Hoje nós somos conhecidos além-fronteiras. Já fomos para o Rio de Janeiro, Ceará, São Paulo e Bahia”, argumenta. Por mês, o grupo faz uma média de quatro apresentações. “No segundo semestre esse número aumenta por conta das comemorações de Sete de Setembro”, acrescenta o maestro.
Atividades não param
Para difundir ainda mais o trabalho realizado pela OFPM estão sendo realizados concertos didáticos nas escolas do município de Ribeirópolis. A primeira apresentação aconteceu no último sábado, dia 28, na quadra de esportes da Escola Abdias Bezerra. No próximo dia 17, a Orquestra irá se apresentar em Aracaju, às 17h, na Praça Fausto Cardoso, dentro do projeto Liras Sergipanas, desenvolvido pela Secretaria do Estado da Cultura. Uma excelente oportunidade para conhecer o trabalho destes jovens músicos do agreste sergipano.