
Alunos atentos aos ensinamentos do policial
Uma ação pioneira do 3° Batalhão de Polícia Militar, em Arapiraca, tem levado cidadania e inclusão social para crianças moradoras da comunidade de Mangabeiras, também conhecida como “favela do lixão”.
Desde que foi implantado, em abril deste ano, o Projeto Pelotão Mirim já tem resultado na mudança de postura de meninos e meninas, antes acostumados a situação de miséria e proximidade com a violência. A iniciativa também tem servido no combate à violência de forma preventiva.
A medida parte também de uma nova postura que vem sendo aos poucos adotada pela PM de Alagoas, em promover um contato mais próximo com a sociedade, a partir da execução de projetos e a implantação da chamada polícia comunitária em bairros da cidade.
O Pelotão Mirim, que marca esta transformação para melhor, tem atendido 30 crianças com idade entre 9 e 14 anos, que recebem durante a semana aulas de reforço escolar, cidadania, informática, além de educação para o lar e a prática de esportes como natação, caratê e capoeira.
“Nós mantemos contato direto com os pais de cada um deles. Acompanhamos o desenvolvimento escolar na própria comunidade. Trabalhamos com a prevenção. Quando chegaram aqui, as crianças apresentavam muitas dificuldades de convívio social. Atualmente, já percebemos grandes mudanças de postura de cada um, que resultam na boa convivência na sala de aula e na melhoria do rendimento escolar”, destaca o tenente Johnatan Barbosa, um dos idealizadores do Pelotão Mirim.
Em sala de aula, todos eles se mantêm atentos às atividades de reforço escolar, principalmente sobre a escrita e a leitura. Disciplina também é fundamental e item obrigatório. Quando chega a hora do lanche, eles já sabem da necessidade de se formarem em pelotão, com as mesmas normas utilizadas por todos os militares no quartel.
A marcha bem organizada deixa os orientadores satisfeitos com o resultado. “Sabemos que se tratam de crianças carentes, que precisam de atenção, disciplina e principalmente do amor das pessoas que as cercam”, emociona-se o tenente Johnatan, revelando que eles acabam se apegando emocionalmente ao grupo.
No refeitório, antes de sentarem à mesa, todos eles lavam as mãos. Higiene pessoal também é ensinada e cumprida à risca. Juliana dos Santos, uma garota de 13 anos e que ainda estuda a quarta série do ensino básico, sente orgulho em fazer parte da turma. “É muito boa esta nova realidade”, considera.
Já para o garoto Natanael Barbosa, 11 anos, antes de ingressarem no Pelotão Mirim, eles conviviam com muitas brigas na comunidade de Mangabeiras. A situação agora é outra, transformada a partir da valorização da autoestima e do reforço à cidadania.
“Descobrimos outros valores na vida. É bom que este projeto nunca pare”, declara Natanael, para orgulho dos militares envolvidos com a ação. “Nosso propósito é trabalhamos com uma turma de 30 alunos a cada ano”, informa o tenente Johnatan.
Polícia Comunitária
Esta nova visão adotada pelo 3° Batalhão de Polícia Militar, passa também pela abertura de postos de policiamento comunitário em localidades de Arapiraca. O bairro Primavera é o primeiro a contar com um posto policial neste moldes, o que tem rendido elogios dos moradores, que se sentem mais seguros.
“Sabemos que a violência é um problema que tem afetado as cidades pelo Brasil e em Arapiraca não poderia ser diferente. Qualquer ação voltada para garantir a segurança da população é sempre bem vinda”, considera o comerciante Edson Souza, morador do bairro Primavera há 29 anos.
Para o policial militar Hercílio Ferreira, que também está envolvido com as ações de cidadania e inclusão social da PM em Arapiraca, todos esperam pela abertura de novos postos de polícia comunitária, que devem acontecer em Arapiraca. Para ele, a ação adotada na cidade parte de uma visão aplicada em países desenvolvidos.
“Caminhamos para isso. Para nós é muito importante a aproximação da comunidade com a polícia”, considera o militar, ao afirmar ainda que as ações têm facilitado também a denúncia de crimes por parte de moradores de Arapiraca.