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Polícia Comunitária completa um mês sem homicídios no Selma Bandeira

Um mês se passou e a experiência do projeto-piloto de Polícia Comunitária em Alagoas, no Conjunto Selma Bandeira — pertencente ao complexo Benedito Bentes e apontado como uma das regiões mais violentas do Estado – já começa a dar resultados. Além disso, a experiência alagoana com Polícia Comunitária indica ainda que esse pode ser um dos caminhos para a diminuição da criminalidade.

Entre as ações que o efetivo de 16 policiais já contabiliza como positiva, nesse período, está o fato de a comunidade não registrar nenhum homicídio, além de estreitar a relação de confiança que começa a existir entre moradores e policiais e, por sua vez, até evitar um crime. De acordo com a Polícia Militar, a média de homicídios na comunidade era de três a quatro casos por mês.

O projeto-piloto foi implantado oficialmente no dia 12 de agosto e contou a presença de diversas autoridades da segurança pública, entre elas o secretário de Estado da Defesa Social, Paulo Rubim; o comandante da Polícia Militar de Alagoas, coronel Dalmo Sena, e representantes da comunidade.

“Para se ter ideia do que isso representa para nós enquanto policiais e da satisfação do trabalho, tem morador no Selma Bandeira que iria vender a sua casa e já desistiu, justamente por sentir que nós somos parceiros da comunidade e que é possível viver com mais tranquilidade aqui. Uma das nossas alegrias é que conseguimos evitar até um homicídio no conjunto durante esse tempo”, revelou o major Antônio Casado Farias, coordenador do Núcleo de Gerenciamento de Crises e Direitos Humanos da PM.

Esse foi o caso da moradora Maria Luíza Silva Santos, 30, casada, e com quatro filhas pequenas. “Realmente senti vontade de ir embora daqui, mas com a chegada dos policiais vou reformar minha casa porque sei que agora posso deixar minhas filhas brincarem perto de casa”, ressaltou Luíza, que mora no cojunto há sete meses e sempre temia pela onda de assaltos e a violência no lugar.

Fato semelhante, de acordo com o major Casado, ocorreu com uma equipe do Programa Saúde da Família (PSF) que presta serviços em toda a comunidade. “O pessoal já havia deixado de fazer o trabalho no Selma Bandeira há algum tempo, mas agora já sente seguro”, completa o oficial.

Sobre o homicídio que iria ocorrer durante esse período da instalação da Polícia Comunitária, o sargento Hamilton Fernando Heliziário, que comanda a base dos 16 policiais no bairro, conta que um garoto de aproximadamente 16 anos foi acusado de cometer um furto de uma tv e estava marcado para morrer.

“A pessoa que o acusou já havia contratado até uma ‘galera” para acertar as contas com o rapaz. Nós, por meio de informações e da própria confiança que estamos conseguimos obter com as pessoas, conseguimos localizar o rapaz e mandá-lo para o interior do Estado. Felizmente, depois, localizamos também o aparelho que estava na posse de outra pessoa e tudo foi resolvido”, informou Heliziário.

O trabalho desenvolvido no bairro pela Polícia Comunitária também foi aprovado por quem comercializa no cojunto. É o caso de Jones Charles, 41, que possui uma mercearia em uma das ruas centrais do Selma Bandeira. “Isso é uma alegria para todos nós que, agora, podemos fechar até um pouco mais tarde, sem ficarmos tão preocupados com os assaltos”, disse Charles, que mora no conjunto desde sua fundação, 11 anos atrás.

Estrutura – A equipe formada por 16 cabos e soldados já está desenvolvendo no Selma Bandeira atividades práticas de policiamento comunitário, seguindo o novo modelo de segurança preventiva adotado pelo Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) e pelo método japonês Coban. Os militares selecionados receberam capacitação na área da promoção de policiamento comunitário.

A base comunitária funciona nas dependências do Mercado Público, até a construção da sede permanente. Mesmo em fase experimental, os policiais atuam durante 24 horas, realizando um trabalho de caráter preventivo junto à população.

Durante o dia, cada policial sairá às ruas para visitar os moradores a fim de conhecer as necessidades da comunidade. À noite, as equipes também ficarão responsáveis pelo policiamento ostensivo, junto com militares do 5º Batalhão.

O Pronasci vem sendo desenvolvido em Alagoas a partir de uma parceria do governo federal com o Estado. Além do Benedito Bentes, mais três bairros da capital foram escolhidos para a implantação dos projetos de segurança com cidadania, que inclui o Polícia Comunitária, Território de Paz, Protejo e Mulheres da Paz. Também serão beneficiados o Clima Bom, Jacintinho e o Vergel do Lago.

“O que vale ressaltar, nessa experiência, é o excelente acolhimento que tivemos e estamos tendo da população do conjunto. E é nisso que todos devemos apostar”, lembra a 1ª tenente Beatriz Argolo, que também faz parte do Núcleo de Gerenciamento de Crises e Direitos Humanos da PM.