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Brasil/Mundo

Pesquisas usam mídias sociais para mostrar relação entre homem e natureza

Trabalhos na área de conservação ambiental foram apresentados em evento internacional

As redes sociais já são utilizadas para além dos relacionamentos interpessoais e elas se mostram ferramentas cada vez mais úteis em muitas áreas. Alunos do Programa de Pós-graduação em Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos (PPG-Dibict) da Ufal trouxeram as redes Flickr e Twitter para estudar conservação ambiental.

O trabalho do doutorando Felipe Alexandre utilizou uma ferramenta de aprendizagem mecânica para identificar os serviços dos ecossistemas culturais (CES) em 21.789 fotografias Flickr da costa brasileira. Felipe explica que os CES são benefícios não materiais que as pessoas recebem do ecossistemas e estão ligados, especialmente, ao bem-estar. Como têm uma natureza intangível, são difíceis de medir. Mas, as fotografias analisadas nessa rede de acesso público, revelaram uma importante métrica.

“Descobrimos que as fotos tiradas em áreas protegidas tinham uma maior riqueza CES em comparação com as áreas desprotegidas. Recomendamos esta ferramenta como um complemento às pesquisas tradicionais para avaliações CES para melhor informar a tomada de decisões”, resume o trabalho.

Já o estudo da doutoranda do PPG-Dibict, Carolina Souza, focou no Twitter, o microblog mais popular no mundo para entender os padrões de interesse público e as tendências espaço-temporais sobre as áreas protegidas brasileiras (UCs). O trabalho coletou cerca de 400 mil tweets publicados de 2011 a 2020 a partir de 18 palavras-chave relacionadas a todas as categorias de UCs no Brasil.

O resultado mostrou onde as pessoas estão falando sobre essas áreas, porque em 15,72% dos tweets usaram coordenadas geográficas.

“Internacionalmente, os países que fazem fronteira com o Brasil, Portugal, Estados Unidos e a Costa Rica têm o maior número de tweets georreferenciados. Como esperado, no Brasil, os estados mais populosos são onde a maioria dos usuários tweetam. Por outro lado, os parques urbanos foram fortemente georreferenciados nos tweets”, destaca o trabalho de Carolina.

A doutoranda reforça que as mídias sociais digitais aumentam a possibilidade de compreender as relações homem-natureza e o interesse público nas UCs. “O conhecimento sobre o interesse público da sociedade nas áreas protegidas podem ajudar os tomadores de decisão e gestores a melhorar a comunicação sobre o valor social destas áreas e garantir apoio político e social para fortalecer a criação e manutenção dessas áreas.

Trabalhos do ICBS para o mundo

Os dois estudos feitos por Felipe Alexandre e Carolina Souza foram apresentados no Congresso Estudantil em Ciência da Conservação (Student Conference on Conservation Science – SCCS), um dos mais importantes eventos estudantis do mundo nessa área. O SCCS aconteceu entre os dias 29 e 31 de março em Cambridge, no Reino Unido e contou também com formato híbrido devido a pandemia de convid-19.

Carolina apresentou a pesquisa virtualmente e o trabalho de Felipe foi aprovado para participar do congresso com uma bolsa financiada pelos organizadores para custeio de inscrição, deslocamento, alimentação e hospedagem.

O congresso internacional é destinado a estudantes universitários dos departamentos da biologia, ciências ambientais, geografia e áreas afins, além de agências públicas e ONGs de conservação ambiental. Os alunos do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde da Ufal (ICBS) vêm concretizando participações no evento desde 2016. As aprovações mostram que pesquisas de qualidade são desenvolvidas na Ufal e estão sendo reconhecidas pela comunidade científica internacional.

“Apresentar os resultados em um congresso internacional foi desafiador por ter de apresentar os resultados na língua inglesa, mas a possibilidade de trocar experiências e criar redes de contatos e comunicação foi muito interessante e importante para minha vida profissional”, destacou Carolina.