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Sergipe

Pesquisadores do Reino Unido e Sergipe desenvolvem pesquisa sobre diabetes

Estudo será feito a partir de pessoas que pulam uma refeição

A obesidade e o diabetes podem ser ocasionadas por uma alimentação inadequada. O professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Ricardo Queiroz Gurgel, alerta que não realizar a primeira refeição do dia pode provocar essas duas doenças. A pesquisa será realizada em Sergipe em parceria com a Escola Tropical de Medicina de Liverpool. O pesquisador do Reino Unido, Luis Cuevas, chega a Sergipe na tarde desta quinta-feira, 26, e permanecerá no estado durante 15 dias.

O projeto de pesquisa foi viabilizado através da aprovação na chamada pública lançada a partir do acordo de Cooperação Internacional entre a Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec/SE), o Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap) e o Reino Unido. A Fundação já realizou dois acordos de cooperação Internacional com a França e a Alemanha. Em 2012, a partir de uma parceria com o Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD), da Alemanha, foram aprovados os projetos dos pesquisadores Douglas Bressan Riffel e Heike Shmitz.

Para o presidente da Fapitec/SE, José Ricardo de Santana, esses acordos são importantes para a consolidação da ciência no estado. “A importância da cooperação internacional se dá no sentido de que você consegue consolidar uma base de pesquisa no Estado. Com a cooperação é possível avançar no que está sendo discutido sobre ciência dentro da fronteira do conhecimento. Isso é importante para consolidar os programas de pesquisa e pós-graduação no estado, gerando desdobramentos importantes na formação de recursos humanos e em pesquisas temáticas, como aquelas voltadas para políticas públicas e inovação tecnológica”.

Acordo com Reino Unido

A pesquisa que será desenvolvida em parceria com a Escola Tropical de Medicina de Liverpool ainda está em fase inicial. O pesquisador Ricardo Queiroz Gurgel explica que já há dados que apontam que a alimentação realizada em horários incorretos pode levar a algumas doenças. O estudo será feito a partir de uma observação de que as pessoas que pulam uma refeição, e não possuem um ritmo de alimentação regular nos horários corretos, tendem a engordar e a desenvolver mais cedo e com mais frequência sobrepeso e obesidade.

“Já há alguns sinais em adultos e os primeiros sinais de que isso também pode acontecer em crianças. É isso que vamos investigar. Já existem dados de estudos ingleses que mostram que existe uma possível associação, mas a gente não sabe o quanto isso ocorre aqui. Faremos uma investigação em Sergipe observando o café da manhã. Iremos fazer um inquérito alimentar escolares de oito a 12 anos e identificar como é a composição da alimentação. Vamos ainda colher dados de sangue para ver a possibilidade de ter algum sinal de que possa levar a dislipidemia e futuramente a diabetes a partir desses exames que faremos”, explicou Ricardo Gurgel.

O pesquisador do Reino Unido, Luis Cuevas, já vem desenvolvendo parcerias com a Universidade Federal de Sergipe (UFS). Segundo Ricardo Gurgel, esse intercâmbio de experiências contribui para o avanço da ciência em Sergipe e no Brasil.

“Ele é um epidemiologista muito importante da Escola Tropical de Liverpool e trabalha há mais de 15 anos. Já temos essa vinculação da escola pós-graduação de Medicina e a Escola Tropical de Liverpool. Com isso, pesquisadores nossos já foram para lá e pesquisadores ingleses já vieram para o estado. Eles usam muitas vezes técnicas mais novas e sofisticadas, o que facilita o uso pela nossa equipe de pesquisa, em um projeto desse tipo”, destacou Ricardo.

Ainda de acordo com Ricardo Gurgel, o estudo será composto por crianças de 9 a 12 anos, alunos de escolas primárias. Serão incluídas cerca de 3 mil crianças na pesquisa que serão convidadas a fornecer informações sobre a frequência, hábito e composição do café da manhã.

“O diabetes é uma coisa muito ruim. Com uma alimentação inadequada a chance de desenvolver diabetes é muito maior. Se você tem isso desde pequeno você vai ter essa doença muito cedo. Vamos tentar identificar essa propensão ao desenvolvimento da doença”, explica o pesquisador.