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Pesquisa da Betway mostra desafios para os estaduais continuarem

Já faz algum tempo que os estaduais de futebol não são mais os mesmos. Até a década de 1990, as disputas tinham um brilho e um clima de conquista que, hoje, parece não existir, principalmente para os times maiores. Nesses casos, tanto os times quanto os torcedores preferem manter os olhos em campeonatos nacionais e internacionais.

Esse desinteresse e perda de relevância estão abalando as estruturas dos torneios locais. Como apurou o site de apostas esportivas Betway, há diversos desafios a serem enfrentados para que os estaduais voltem a chamar a atenção.

Baixa média de público

Apesar de os times não viverem do que arrecadam nas arquibancadas, os baixos números preocupam. Nos últimos cinco anos, nenhum clube superou a média de 10 mil pagantes nos jogos, e isso antes do isolamento social.

Em 2016, por exemplo, o Campeonato Paulista teve média de 7271, já o Carioca registrou 3905 no mesmo ano e Gaúcho teve 3876. Por sua vez, 15219 pagaram para ver o Campeonato Brasileirão na mesma época.

Atualmente, a maior parte da verba financeira dos clubes tem origem nas transmissões de televisão. Até porque tempo, a Rede Globo detinha os direitos em relação a grande parte das disputas, porém, outras emissoras estão mostrando interesse.

“Agora temos o SBT que veio forte, investindo em transmissões, a Record, a própria HBO Max, YouTube, que também fechou com o Paulista. A Disney agora tem um grande orçamento de investimentos para transmissões ao vivo. É bem provável que em um futuro próximo comece a ser uma concorrente nas propostas. Também vimos a Conmebol com essa alteração, dividindo por dia de jogo. Começaram a observar que, repartindo, você acaba tendo um ganho de escala, cria mais valor para o seu produto”, avalia Pedro Menezes, da Ernst & Young.

Na prática, não significa que os investimentos no futebol são maiores. A recente experiência carioca mostra o oposto. O fatiamento das transmissões de jogos tem feito com que milhões sejam divididos entre todo o campeonato.

Calendário das disputas

O confuso calendário das disputas também é um aspecto desafiador. Isso porque os campeonatos estaduais ocupam os cinco primeiros meses do ano e logo em seguida tem o Brasileirão.

Por conta do curto intervalo, as equipes não conseguem se recuperar e, muitas vezes, entram em campo já desfalcadas. Seria necessário que houvesse um tempo maior para que os jogadores pudessem descansar e os técnicos estudarem as táticas para as próximas disputas.

O público também não é beneficiado nesse modelo, porque ocorre tanto jogo atrás de jogo que se torna banal e sem sentido. Ou seja, assim como no mercado, a grande oferta prejudica a demanda. Diferentemente do que ocorria há alguns anos, não existe mais o anseio de ver a partida – por ela só acontecer de vez em quando.

“Os próprios torcedores não conseguem entender o que é disputado. Isso afeta diretamente os interesses dos torcedores brasileiros. Esse desinteresse influencia diretamente nos negócios e quanto grupos de streaming e redes de televisão pagam por ele”, afirma Pedro Menezes, Senior Business Consulting da consultoria Ernst & Young, em entrevista à Betway. “Antes era um formato muito bom. (Agora) aconteceu muito, até em conversas sobre futebol com vários amigos, de a gente torcer por um jogo e não saber o que está valendo. Às vezes não valia nada”, conclui.

Mesmo diante de tantos desafios, os especialistas em futebol entrevistados pela Betway são categóricos ao dizer que os estaduais são importantes para o país. Eles servem como treino para os novos jovens atletas, além de servir de vitrine para que outros clubes os conheçam.

No futebol, nenhuma bola permanece parada em campo, muito menos um atleta. Uma pessoa que hoje veste a camisa de um time interiorano amanhã pode estar na Europa. Tudo irá depender do próprio talento e esforço, mas também da visibilidade que os torneios pequenos irão dar.