As 21 agricultoras familiares da comunidade Taboquinha, de Arapiraca, que produzem bolos, doces e broas estão servindo de exemplo de sucesso na prática do associativismo. Representantes do poder público de Pernambuco vão fazer uma visita à associação nesta terça-feira (19), a partir das 9h. Elas já comercializam para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), onde a experiência de sucesso serve como inspiração para as demais mulheres da região.
Representantes dos municípios de Águas Belas, Bom Conselho e Garanhuns, entre prefeitos, secretários municipais de Agricultura, diretor de Políticas Agrárias, coordenador da Prorural, técnicos e o delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) em Pernambuco, querem conhecer a experiência exitosa das mulheres da zona rural de Arapiraca que se uniram para produzir alimentos e hoje estão melhorando de vida.
Desde 2008, elas comercializam com o PAA Compra Direta Local da Agricultura Familiar (CDLAF), que em Arapiraca é municipalizado e a partir deste ano vai comprar até o limite anual de R$ 4,5 mil por cada fornecedora.
De acordo com a extensionista social Valdenice dos Santos, da Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário (Seagri), a organização das mulheres de Taboquinha chamou a atenção também de outras moradoras da comunidade.
“Além das 21 que foram sócias fundadoras da associação comunitária, outras 40 querem fazer parte do grupo, após passar por capacitação”, conta a técnica, que desde 2005 acompanha a organização das mulheres e é uma das responsáveis pela inclusão delas no programa do governo federal.
“Elas já estão se organizando para fundar uma associação específica de mulheres e fornecer os produtos ao Programa Nacional de Alimentação Escolar, ou seja, vender alimentos para a merenda escolar do município”, revela Valdenice. De acordo com uma lei federal de 2009, as unidades de ensino deverão adquirir no mínimo 30% da merenda de produtos da agricultura familiar da região.
O técnico agrícola Elielton Amaral, da Gerência Regional da Secretaria de Estado da Agricultura em Arapiraca, também acompanha o grupo e fornece orientações sobre produção, comercialização e associativismo. Segundo ele, outro fator que colabora para o progresso das mulheres empreendedoras de Taboquinha é a parceria entre o Estado, a prefeitura e a União.
Melhoria de vida
Dona Valdeci Amerina da Silva é uma das agricultoras que participam da associação. Ela produz doce de caju, de melancia, de goiaba, de leite e de banana, de acordo com as frutas da estação, e revela que em apenas um dia e meio de trabalho pode ganhar R$ 400,00. “Na roça, eu só ganho isso se trabalhar o mês inteiro”, afirma.
Quem também está satisfeita com a participação na associação é Laudjane da Conceição Silva, de 26 anos. Com o dinheiro que ganha como associada, ela já comprou uma motocicleta. Josefa Mendes da Silva, 24 anos, é universitária do curso de Letras da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e pretende pagar os custos da formatura, daqui a dois anos, com dinheiro do próprio trabalho como associada.
Investimentos do PAA — De acordo com o secretário municipal de Agricultura de Arapiraca, Manoel Henrique, o PAA Compra Direta Local da Agricultura Familiar investe mais de R$ 1,2 milhão, com contrapartida de R$ 66,5 mil do município. “Em 2006, quando o programa começou, eram só R$ 238 mil investidos. Hoje, já são 78 entidades beneficiadas com a doação dos alimentos adquiridos, entre escolas, creches e outras instituições”, narra o secretário municipal.
Há uma variedade de 34 alimentos adquiridos pelo PAA, com 365 agricultores familiares fornecendo constantemente e garantindo renda e inclusão produtiva no campo. Entre os produtos fornecidos, estão: abacaxi, banana, mel, farinha, macaxeira, bolos, doces, abóbora, ovos e peixe.