Marcha reúne dez mil pessoas em Brasília
Pela primeira vez, Brasília recebeu a Marcha das Mulheres Negras. Uma caminhada que simboliza a luta de 25% da população brasileira formada por 49 milhões de mulheres negras espalhadas pelo País. A marcha, realizada nesta quarta-feira, dia 18, faz parte das ações do movimento negro em comemoração ao Dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro em homenagem ao líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi dos Palmares. A data foi escolhida por ser o dia da morte de Zumbi, considerado um símbolo de força e resistência à escravidão.
A presidenta da Fundação Cultural Palmares, Cida Abreu, órgão vinculado ao MinC, divulgou um vídeo nas redes sociais pedindo apoio na marcha. O Ministério da Cultura e a FCP terão programação especial durante os próximos dias em comemoração à data.
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) as mulheres negras são 62% da força do trabalho doméstico, e 75% não possuem carteira assinada. O Mapa da Violência de 2015 também aponta que, em 10 anos, o homicídio de mulheres negras aumentou 10%, enquanto o de mulheres brancas caiu 10%. A marcha defende o fim dessas estatísticas negativas, o fim do feminicídio de mulheres negras, o fim do racismo e do sexismo nos veículos de comunicação e no ambiente de trabalho, a titulação e garantia das terras quilombolas, especialmente em nome das mulheres negras, o fim do desrespeito religioso e a garantia da reprodução cultural de práticas ancestrais de matriz africana.
“Sou mulher, negra e tenho muito orgulho da minha origem. Não podemos mais aceitar esse desrespeito. Fazemos parte do desenvolvimento do País. Igualdade e respeito é o mínimo que podem nos oferecer”, afirma Maria Luísa de 53 anos, uma das 10 mil mulheres que participaram da marcha, número estimado pela Polícia Militar do Distrito Federal.
Durante o percurso pelo Eixo Monumental, até a frente do Congresso Nacional, foi possível ver mulheres e crianças marchando em busca de uma sociedade mais igualitária na qual todos sejam respeitados independentemente de cor e gênero.
Ao se aproximar do Congresso Nacional, houve tumulto e quatro tiros foram disparados para o alto. O suspeito de autoria dos disparos foi encaminhado para a 5ª Delegacia de Polícia do DF.