O oferecimento da menor tarifa como critério de escolha nos leilões que concederão 7,5 mil quilômetros de rodovias à iniciativa privada não comprometerá a capacidade das empresas de fazer os investimentos necessários. Segundo especialistas e empresários, o modelo de concessões anunciado pela presidenta Dilma Rousseff recompensará os empresários mais eficientes, capazes de modernizar as estradas cobrando o menor pedágio possível.
Pelo plano, os investimentos em rodovias e ferrovias, nos próximos 25 anos, vão somar R$ 133 bilhões, sendo que R$ 79,5 bilhões serão gastos apenas nos primeiros cinco anos. Para as rodovias, o total investido será R$ 42 bilhões, dos quais R$ 23,5 bilhões deverão ser aplicados em cinco anos. Mesmo com a exigência de desembolsos iniciais altos, o novo modelo entusiasmou os empresários.
Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, o sistema anunciado pelo governo conseguiu aliar as melhorias na infraestrutura de transporte sem onerar o cidadão. “O grande diferencial desse modelo é permitir que se ofereça um serviço de melhor qualidade pelo menor preço possível”, destaca.
Na avaliação do presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, não há contradição entre o alto volume inicial exigido e o critério de menor tarifa. “O prazo (para os investimentos) e a tarifa de pedágio são resultado de um plano detalhado de negócios. Esse é um modelo de competição. O empresário deve ser realista do ponto de vista econômico, senão não tem investidor”, diz.
Especialista em estruturas financeiras de investimentos da Fundação Getulio Vargas (FGV), o professor Rogério Sobreira explica que o modelo foi concebido para beneficiar os empresários mais otimistas, que pedirão taxas de retorno mais baixas e, portanto, cobrarão as menores tarifas. Ele, no entanto, ressalta que a ajuda do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que poderá financiar até 80% dos investimentos em até 20 anos, será indispensável para diminuir as tarifas.
“Com investimentos tão altos em curto prazo, a tendência seria que as menores tarifas [nos futuros leilões] fossem mais altas que a dos pedágios atuais. Mas a entrada do BNDES muda bastante esse cenário porque reduz os riscos e melhora as expectativas dos empresários”, analisa o professor.
