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Alagoas

PC e Força Nacional esclarecem mais de 60% das mortes de vulneráveis

Barenco entrega ao governador o desfecho das investigações sobre os crimes

As investigações realizadas pela Polícia Civil alagoana, com o auxílio da Força Nacional de Polícia Judiciária, concluíram que a maioria dos crimes contra pessoas em situação de vulnerabilidade foi motivada por questões relacionadas ao tráfico de drogas e brigas ocasionais entre elas. Ao todo, foram investigados 39 casos, sendo que em dois deles ocorreram tentativas de homicídio (as vítimas sobreviveram).

Um relatório elaborado pela Policia Civil indica que 61,5% dos assassinatos já estão esclarecidos – com autoria definida -, e sete acusados estão presos. Dos 14 crimes com autoria ainda não definida, cinco já estão com linhas de investigação bastante adiantadas.

Os acusados de vários crimes já esclarecidos foram identificados, conforme o documento, e alguns tiveram a prisão preventiva decretada, mas seus nomes são mantidos em sigilo para que as investigações não sejam prejudicadas.

Já foram presos: Cássio Cícero Damasceno, o “Cição”, acusado de matar José Roberto Fragoso, o “Lobisomen”; Rodrigo Alexandre da Silva, 21 anos, o “Lanchinho”, que matou o flanelinha Wanderson Bezerra Félix, o “Timbalada”; José Carlos Neves dos Santos, 26 anos, “Gambá”, acusado de assassinar um jovem conhecido como “Piuiu” ou “Fedorento”; José Everaldo da Silva, apontado como matador de Adnelson Araújo da Silva, crime ocorrido no Centro; e José Jorge da Silva, 25, acusado de assassinar a companheira Patrícia Vicente da Silva, em Arapiraca, e arrancar seu coração. “Gambá” foi solto por ter recebido da Justiça a liberdade provisória.

O ex-policial civil Miguel Rocha Neto também está preso acusado de dois assassinatos, um no bairro do Farol e outro no Poço, ocorrido em frente à sede do Ministério Público Estadual. Três policiais civis são investigados por participação na morte de pessoa vulnerável.

O trabalho policial apontou alguns casos com características de grupo de extermínio, embora praticado por um só agente. Luiz Carlos Soares da Silva Santos, conhecido como “Orêia”, que trabalhava como vigilante autônomo para uma rede de supermercados, é acusado de quatro assassinatos contra pessoas vulneráveis no bairro da Levada. O vigilante também já se encontra preso.

Exames de comparação balística revelam que José Sérgio, o “Cotó”, e “Timbalada” foram mortos com armas do mesmo calilbre, mas os tiros não foram deflagrados pela mesma arma, estando o primeiro caso com linha investigatória adiantada, e o segundo com autoria definida.

Do total de 24 crimes esclarecidos com autoria, 15 foram investigados pela polícia alagoana e oito pela Força Nacional, sendo que em uma das apurações houve atuação conjunta. Os casos investigados revelaram que 24 das vítimas se enquadram na real condição de morador de rua.

Um dos homicídios chamou a atenção pela sua motivação. Rafael Gustavo Rodrigues, 23, foi morto em julho deste ano, porque havia apostado na vitória da seleção brasileira, numa partida da Copa do Mundo. O Brasil venceu, e o perdedor para não pagar a aposta acabou matando Rafael.

Um dos casos relacionado como morte de pessoas em situação de vulnerabilidade é o de José Leandro da Silva Conceição. Na verdade, a vítima morreu afogada, em janeiro deste ano, na Praia da Pajuçara.

O relatório completo das investigações será encaminhado, nesta segunda-feira (22), pelo delegado-geral Marcílio Barenco, ao governador Teotonio Vilela Filho que, em encontro anterior, solicitou celeridade nas investigações.

Barenco revela que 83% das pessoas assassinadas eram dependentes químicos, mas, apesar dessa realidade, a Polícia Civil não vai trabalhar “criminalizando” as vítimas, e sim buscando responsabilizar os infratores. “Para a polícia, todos os crimes têm a mesma importância e assim agimos nessas investigações, de forma impessoal, como sempre fizemos”, acrescentou.

Diante desses fatos, o delegado-geral diz ter certeza de que as autoridades municipais e estaduais de direitos humanos e assistência social irão trabalhar na prevenção, diminuindo dessa forma a necessidade de repressão que é de responsabilidade da Polícia Civil.

Marcílio Barenco fez questão de enaltecer os esforços realizados por delegados, agentes e escrivães da Polícia Civil e da Força Nacional para o sucesso desse trabalho, e agradeceu o empenho da diretora Rosana Coutinho e dos peritos do IC (Instituto de Criminalística), pela celeridade no envio da documentação de constatação de crime e laudos de comparação balística; como também dos médicos legistas do IML, na pessoa do diretor Gerson Odilon, na elaboração dos laudos cadavéricos e de corpo de delito.

Barenco agradeceu ainda à presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, desembargadora Elizabeth Carvalho, que colocou à disposição os juízes da 17ª Vara Criminal – Maurício Brêda, Rodolfo Osório, Emmanuel Dória, Geraldo Amorim e Ana Raquel, no sentido de agilizar as investigações, bem como o juiz da 8ª Vara do Tribunal do Júri de Maceió, José Braga Neto.

Ele ressaltou também a ajuda do Ministério Público Estadual, nas pessoas dos promotores de Justiça naturais, e em especial do promotor Alfredo Gaspar de Mendonça, integrante do Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc), e ainda ao Ministério da Justiça, através do secretário Nacional de Segurança Pública, Ricardo Balestreri.