As maiores economias do mundo, responsáveis por 80% das emissões de gases de efeito estufa, reunidas durante reunião do G8, nesta quinta-feira (9) em L’Aquila, na itália, sob a presidência de Barack Obama, reconheceram a necessidade de limitar a 2°C o aumento da temperatura do planeta em relação ao nível pré-industrial” (fim do século XVIII).
Por consequência, se comprometem a “identificar um objetivo comum de redução das emissões de gases de efeito estufa até 2050”, mas sem citar percentuais.
No entanto, para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, os resultados da cúpula do G8 em termos de luta contra o aquecimento global são insuficientes.
“Os dirigentes do G8 tinham uma oportunidade única, que corre o risco de não voltar a se apresentar”, afirma Ban, que lamenta em particular a falta de compromissos a médio prazo por parte do núcleo de países industrializados.
“Ban Ki-moon lamenta que não haja um resultado a médio prazo até 2020, apesar de parabenizar o objetivo do G8 de reduzir as emissões dos países industrializados até 2050”, afirmou o porta-voz Yves Sorokobi.
“Necessitamos de um objetivo a médio prazo para estarmos seguros de que nos encontramos no bom caminho de conseguir os objetivos de 2050”, enfatizou Ban em sua declaração.
Os 16 principais países emissores de CO2 do planeta, industrializados e em desenvolvimento dizem, em sua declaração, reconhecerem “que o aumento da temperatura média global não deve exceder os 2°C”.
Mas, apesar das palavras contundentes, a declaração não dá indicações sobre como esse objetivo deva ser atingido, não estabelecendo qualquer meta ou compromisso conjunto nem prevendo financiamento para desenvolvimento limpo das economias mais pobres.
Por causa disso, foi duramente criticada pelos principais grupos ambientalistas, entre eles o Greenpeace e o WWF, para os quais os países ricos “precisam mostrar a cara da verdade, além de liderança real e compromissos financeiros sólidos; não declarações de consolo.”
A ideia que vai figurar no documento final do encontro representa um grande avanço, declarou, no entanto, à imprensa o diplomata Luiz Alberto Figueiredo Machado, chefe dos negociadores para questões de meio ambiente do Brasil.
Segundo ele, com a introdução do princípio de 2°C, serão respeitadas as recomendações científicas baseadas em uma avaliação de que a temperatura do planeta já aumentou quase um grau desde então.
O G5 já havia se comprometido amplamente com as energias renováveis, como o Brasil, com os biocombustíveis, enquanto que a China e a Índia, embora ainda muito dependentes do carvão, desenvolvem capacidades em energia solar e eólica.
Na véspera, os líderes do G8 aprovaram o limite de 2°C e se comprometeram a reduzir pela metade antes de 2050 a emissão mundial de gases de efeito estufa e elevaram para 80% a redução de suas próprias emissões.
Figueiredo acha que esta proposta não terá credibilidade se o G8 não adotar metas intermediárias até 2020.
“Nós podemos aceitar o objetivo de 2050 dentro de um quadro de metas a médio prazo”, afirmou o chefe dos negociadores.
“Mas não podemos lidar apenas com o longo prazo, porque se perde credibilidade. Tem que existir metas de redução fortes e profundas até 2020”, completou.
Já a Agência Internacional de Energia (AIE) estima que falta “muito a fazer” para atingir os objetivos do G8 sobre o clima e pede aos governos agirem contra a volatilidade dos preços da energia, em comunicado publicado nesta quinta-feira em Paris.
“Os investimentos em capacidade energética e em tecnologias limpas devem ser multiplicados por quatro para que o aumento médio da temperatura mundial fique abaixo dos 2°C”, indicou a AIE, calculando em “400 bilhões de dólares suplementares ao ano, nos próximos 20 anos, a verba necessária para isto”.
Também nesta quinta, o G5 fez um apelo “aos países desenvolvidos a ajudarem os emergentes, mais vulneráveis aos efeitos negativos da mudança climática a suportar o custo da adaptação” em suas economias.
Segundo a ONU, as necessidades de financiamento para os países em desenvolvimento em geral (não apenas os cinco) se elevariam a 150 bilhões de dólares por ano.
A posição da China é considerada essencial para o sucesso de um acordo: o país superou recentemente os Estados Unidos como o maior emissor mundial de gases poluentes.