A Paisa lembra um doente há décadas prostrado em uma cama com chances de recuperação, mas que se depara com a cegueira, apesar da evidência, para encontrar o médico para diagnosticar-lhe a enfermidade e o remédio para a cura. A creditamos até que há empenho nesse sentido, vez que com frequência quando o fornecedor vai tratar de negócio em sua sede com algum de seus diretores, é informado de que se encontra em reunião. Imaginamos, portanto, que tem como finalidade saber qual é a soma de dois mais dois para, resolvido esse enigma, poder liberta-se da urucubaca que acompanha o seu destino.
Embora o setor sucroalcooleiro disponha de um bode expiatório que implora e berra seus lamentos contra o alheamento da política do Governo Federal como agravante da crise, achamos que há algo mais que é a ausência de profissionalismo e competência, o que não ocorre, por exemplo, com a Coruripe. Enquanto essa providência salvadora não for encontrada, Paisa e fornecedor, num permanente cruzamento híbrido entre o bem de sua existência e o mal desumano tratamento que dispensa a seus fornecedores,não terá continuidade, como já se vislumbra com a migração forçada de alguns fornecedores para terra distante à procura de socorro no vizinho estado de Sergipe.
O resultado do cruzamento híbrido, estéril por natureza, no caso em apreço está causando, tardiamente, o rompimento de uma aliança. Naturalmente que nesse rompimento quem mais perde, como vem perdendo, é o fornecedor. A pessoa física, seus proprietários, continuarão a viver nababescamente, comportamento que nos faz transportar à Rainha Maria Antonieta, indiferente à fome do camponês.
Ninguém, à luz do bom-senso, deseja que uma empresa feche suas portas e venha a causar um problema social, com o desemprego. Apega-se a Paisa a essa constatação, estamos acostumados a ouvi-la. Mas a quê custo? É impossível continuar a admiti-la quando o fornecedor de cana, sem nenhuma culpa com a má gestão de empresa, fique sem receber devidamente o fruto de seu trabalho.
Já tivemos oportunidade de dizer, não será demais repetir, a Paisa ou a Rainha Maria Antonieta, trata seu fornecedor de uma forma desumana, burra e sem qualquer consideração. Afinal de contas, o comerciante vive em função de quem? Naturalmente, da sua clientela. A parceria entre empresa e fornecedor é um ato de comércio. Como, então, conceber um tratamento de desprezo à mesma? Esse comportamento, avesso ao extremo a uma visão empresarial moderna, é a mais contundente prova de sua caótica e primitiva administração, sem contar, provavelmente, com desmandos de ordem interna.
Ter um bode expiatório é muito cômodo, é a melhor desculpa para encobrir as nossas faltas e deficiências. A Paisa e outras poucas que estão presas ao horóscopo do desastre, não podem atribuir, com única causa de seus males, à política do Governo Federal, pois, se verdade fosse teríamos a regra e não as raras exceções. Por por conta dessa esfarrapada desculpa, fornecedores não vêem a cor do dinheiro desde setembro do ano que passou. É inacreditável a frieza e o descaso! Qual é o problema? Fornecedor não tem compromissos a saldar ou família para sustentar. Se está precisando de dinheiro, que se vire.
Quem vive no fausto não liga para a necessidade alheia, é como se a desconhecesse. A Paisa, sinônimo de Rainha Maria Antonieta, está seriamente enferma e já emite os estertores da morte que reclamam um pedido judicial de recuperação. Maria Antonieta morreu tragicamente guilhotinada. A Paisa, com a mesma visão que beira a frivolidade palaciana, não terá outro fim.
Esperamos, no entanto, com toda sinceridade, que seja contemplada com uma pequena claridade, suficiente para enxergar a evidência da sua grosseira visão empresarial e parta para semear o bem, fértil por excelência, com profissionalismo e competência, suprimindo definitivamente, como vergonhosa lembrança do passado, o cruzamento híbrido como o mal, estéril e desumano.