×

Alagoas

Pai acorrenta filho com medo dele ser assassinado

Menor foi acorrentado pelo próprio pai

Um fato triste e emocionante foi registrado na manhã desta segunda-feira (15), data em que o Brasil comemora sua Proclamação da República. Homens da 1ª Companhia de Polícia Militar, sediada em São Miguel dos Campos, distante 63 km da capital alagoana, receberam um chamado de uma mãe que relatava a atitude desesperada de seu esposo com um dos filhos que foi acorrentado para que não pudesse mais cometer delitos.

Josefa Soares de Lima, de 28 anos, que é separada do pai de seu filho, mas acompanha de perto a criação das crianças que moram com o genitor, disse ter ligado para a polícia porque não aguentava mais saber que o filho está sendo acorrentado, mas disse não ter uma solução para o problema que o pai enfrenta, “eles não querem morar comigo porque eu regulo eles”, desabafou a mãe.

Ao verificar a ocorrência, a PM encaminhou o caso ao Conselho Tutelar do município, que esteve na quadra K1 do Loteamento Hélio Jatobá I, parte alta da cidade. “É um caso muito complicado, precisa ser bastante analisado”, falou o conselheiro Ivanildo Marques, que acompanha o caso.

Givanildo da Conceição, 37 anos, pai do menor de 12, acorrentou o filho a sua cama por não aguentar mais receber reclamações. “Todo dia chega alguém pra dizer que ele roubou alguma coisa. Ele não precisa disso, esse menino sai de casa e não tem hora pra chegar, só vejo a hora de chegar alguém pra dizer que ele está morto”, disse o pai.

Deficiente físico e preso a uma cama, o pai que vive em um barraco, afirmou ter sido a única solução encontrada para não ver o filho morto. “Já deram um tiro nele no conjunto Hélio Jatobá 3. Até coronhada de revólver esse menino já levou, eu não sei mais o que fazer, já dei muito conselho, mas ele não me obedece, eu não tenho condições físicas para viver atrás dele”, relatou desesperado o pai.

Ao Conselho Tutelar e a reportagem do site saomiguelweb que estiveram no local, o menor confessou que não usa drogas e está fora da escola há mais de três meses. “No dia que o cara atirou em mim eu corri, mas eu não fiquei com medo não”, ainda completou o menor referindo-se a não ter medo de morrer.

Segundo o conselheiro Ivanildo Marques, o menor será encaminhado à escola e as medidas cabíveis adotas com muito critério pelas autoridades, já que o gesto desesperado do pai foi executado no sentido de zelar pela integridade física e moral do próprio filho. Ivanildo relatou ainda que ainda essa semana procurará o Ministério Público para expor o caso.