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Pacientes evitam consultórios e lotam Emergência de hospitais

As Unidades de Emergência e de Urgência em todo o País, sejam elas privadas ou estatais, enfrentam um inimigo comum: o excesso de pacientes que recorrem ao atendimento emergencial quando, pelo seu quadro clínico, deveriam procurar ajuda médica em consultórios, postos de saúde, unidades de pronto atendimento ou mini-pronto socorros.

“É certo que toda febre é um sinal de alerta emitida pelo organismo, mas nem toda febre deve ser motivo para que o paciente procure a Emergência de um hospital”, alertou a médica Sandra Omena Bastos, conceituando os termos “emergência” (atendimento que não pode esperar, sob risco de óbito do paciente) e urgência (atendimento que permite um tempo de espera maior sem danos à saúde do paciente).

“Muitas pessoas nas recepções do Serviço de Urgência não entendem que pacientes mais graves têm prioridade sobre aqueles em situação menos grave”, enfatiza Sandra Bastos. A lógica no ambiente hospitalar é diferente do que se pratica em bancos ou na maioria dos consultórios, onde o que vale é a ordem de chegada. É por isso que a Emergência 24 Horas da Santa Casa de Maceió adotou a Escala de Manchester, cujo objetivo é estratificar o nível de gravidade de cada paciente e permitir que o médico avalie os casos com base em um referencial científico, definindo um tempo possível de espera e até um atendimento imediato.

Quando ir à Emergência

Para que a família decida levar o paciente a um atendimento de “Emergência” é preciso averiguar antes alguns fatores. Um deles é a febre acompanhada de sintomas como aumento no batimento cardíaco ou na respiração, redução na diurese (urina), prostração (estado em que a pessoa permanece acamada e sem ânimo para desenvolver atividades); alteração do estado de consciência, entre outros. O ideal seria que antes de recorrer a uma emergência, o paciente fosse visto (triado) em uma unidade ambulatorial, consultórios, mini-pronto socorros mais próximos à sua residência. Na maioria das vezes isso não acontece, vivendo a saúde do indivíduo, por uma questão por vezes cultural, de informação, em uma “corda-bamba”. Se por um lado, o paciente procura uma unidade de Urgência e Emergência por sintomas mínimos, por outro, alguns só recorrem a mesma em risco iminente de morte. É importante salientar que todos esses sinais – ou apenas alguns deles – presentes podem indicar deterioração do estado clínico por agravamento de uma infecção, que pode levar o paciente ao óbito em questão de horas. Estamos falando da temida Sepse, que a Santa Casa de Maceió adotou o seu Tratamento em Protocolo Institucinal, dada a sua gravidade.

Febre

No tocante à febre, a literatura médica informa que é preciso atenção com pacientes que apresentem temperatura acima de 37,8°C. O mesmo cuidado deve ser com o lado oposto, em pessoas que registrem menos de 35°C. É preciso também lembrar que pessoas idosas, recém-natos e portadores de problemas de baixa de imunidade podem apresentar infecção sem febre.

Já os pacientes que apresentem sintomas como dores e manchas pelo corpo, além da febre, com possível indicação de dengue -, a recomendação é primeiro buscar orientação médica em consultórios e postos de saúde. Caso demore em conseguir atendimento ou se o quadro piorar, principalmente com o surgimento de manchas, é preferível ir ao serviço de emergência mais próximo, pois pode ser sinal de dengue hemorrágica.

Evitando os consultórios

“A escassez de pediatras no mercado de trabalho, no caso do público infantil, e a demora em se marcar uma consulta pelo SUS ou em consultórios, por quem tem plano de saúde, leva a população a recorrer às Unidade de Emergência de Maceió ou aos hospitais privados, lotando tais serviços e dificultando o acesso de quem realmente precisa de atendimento emergencial”, destaca Sandra Omena Bastos.

E conclui: “O ideal seria que os médicos que atuam próximo à população indicassem o atendimento adequado ao paciente. O que ocorre hoje é que, por falta de informação e de médicos, o próprio paciente é quem avalia a gravidade de seu quadro clínico, decidindo na maioria das vezes pela opção mais fácil – os serviços de emergência dos hospitais, porém, nem sempre, a melhor, já que pode estar ocupando o lugar de alguém que pode estar com a vida por um fio.”