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Os lobos estão chegando

O aprisco começa a ser alvejado, de maneira diferente: suave e enganadora. Os lobos já se revestem com suas peles de pastor e iniciam as investidas: precisam atrair as ovelhas para os seus apriscos. Deixaram seus potentes corcéis e os substituiram por um cajado. As ovelhas, indefesas, se debandam para o falso aprisco, onde não tem água, comida, saúde, luz e um prado verdejante.

Infelizmente, ainda existem muitas ovelhas que não enxergam a falseta do lobo, e se deixam seduzir por promessas alvissareiras, verdes campos, água fresca, luz e um aprisco confortável. Concluído o resgate, vem a segunda etapa: a distribuição das milgalhas e a ratificação das promessas por algo melhor. A essa altura, as ovelhas já estão totalmente descaracterizadas, à mercê das determinações dos lobos. Sua vestes foram trocadas por outras, com slogan do partido da alcatéia. Estão prontas para entronizarem seus protetores. Trabalham muito: bandeiras tremulantes de sol a sol, longas caminhadas, discórdia com as ovelhas que não as seguiram. Viram fantoches.

A guerra está deflagrada! Dia e noite, incansáveis, distantes do seu aprisco original, elas são estimuladas pelo encanto de uma vida sem amarras, e coroam aquele que a usaram para a sua ascensão. A festa da vitória é so regalia, fartura e emoção. O lobo coroado, movido pelo sabor da vitória, arrasta multidões de ovelhas, as quais ainda acreditam que suas vidas mudarão…
Chega o cotidiano… Nasce o desejo de amontoar, amontoar, amontoar. O tempo passa rápido. É preciso amontoar! As ovelhas são esquecidas. A prioridade é para os lobinhos. Assim é a campanha eleitoral! É assim mesmo! Doa a quem doer!

Existe um grupo de ovelhas incoerentes, vulneráveis à força do lobo traiçoeiro, que abocanha a pequenez das mesmas e as arrasta para a humilhação.

Desde que o mundo é mundo, sempre existiram o lobo e a ovelha. Mas existe o aprisco e o covil. É so não se debandar pra lá!