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Sergipe

Orquestra Jovem capacita jovens do bairro Santa Maria

“Nosso objetivo não é só formar músicos, mas sim grandes cidadãos, pessoas de valores” afirma o maestro Márcio Rodrigues sobre os alunos da Orquestra Jovem de Sergipe. Idealizada com intuito de levar a música clássica para jovens do bairro Santa Maria, na zona norte de Aracaju, a Orquestra qualifica jovens e crianças para o mercado cultural.

Custeada pelo governo do Estado, por meio das Secretarias de Cultura (Secult) e Inclusão Social (Seides) e do Instituto Banese, a iniciativa recebe ainda ajuda de empresas privadas para atender cem alunos. Através da Secult, a Orquestra Jovem recebe o apoio administrativo para manutenção e compra de instrumentos, material didático, pagamento dos professores e do bolsa-auxílio de R$ 100 mensal para cada aluno, entre outras despesas que mantém o projeto.

O coordenador pedagógico e maestro Márcio Rodrigues destaca que o projeto modifica a percepção musical dos jovens. “Nossa maior alegria é a transformação que esse projeto trouxe para esses jovens, em relação a gênero musical, não que outros gêneros não sejam bons, mas é ótimo saber que eles se interessam e se dedicam pela causa. É maravilhoso saber que nos celulares eles escutam grandes artistas clássicos como Beethoven, isso é muito gratificante”.

Expectativas

Com 100 alunos, a Orquestra Jovem oferece cursos de coral, violino, violas, violoncelos e contrabaixos. Para estimular ainda mais os alunos, os professores buscam apresentar músicos formados para os jovens através de palestras.

“O processo de aprendizagem tem sido bastante interessante por uma série de fatores. O mais importante é como os alunos gostam desse projeto, eles veem na iniciativa uma oportunidade única, diferente do que acontecem nas outras escolas. É algo que eles estão olhando com muito amor. As apresentações têm cativado eles, toda vez que anunciamos que vai ter uma apresentação, eles ficam na contagem regressiva e entusiasmados”, declara Jair Maciel, que ensina contrabaixo e teoria musical.

Jair Maciel pontua que a estrutura do projeto é o diferencial. “Não só estimulamos o aluno com a atividade, mas damos suporte para que eles possam desenvolver aptidões. Não é somente dar aula e pronto, tem que ter toda uma estrutura, e esse projeto se destaca por conta disso”.

Os Alunos

Para participar do projeto, os jovens e crianças entre 7 a 17 anos, devem ter renda per capita de até R$ 70 mensal e estarem devidamente matriculadas na escola.

Manoel Vitor, 15, está aprendendo o instrumento violoncelo. Ele conta que soube do projeto através de uma tia. Fascinado pelo instrumento, ele pretende continuar com a música e mostrou interesse em fazer conservatório musical para aprimorar seus conhecimentos e torna-se um músico de sucesso. “No começo foi um pouco difícil, meus pais achavam que eu não conseguiria, por ser um instrumento tão bonito achavam que poderia ser complicado, mas estou conseguindo e vou seguir meu sonho”.

Lucas Levi, 11, conta que suas tardes costumavam ser ociosas. Quando a oportunidade da Orquestra Jovem apareceu, ele recebeu o incentivo da mãe e agora está aprendendo o instrumento violino. “Antes daqui, eu não tinha nenhum contato direto com a música. Descobri o violino, que é um instrumento simples, afinado e agudo, comecei identificar os ritmos, as notas e desde então estou muito feliz”.

Diante da quantidade de inscritos em fevereiro deste ano, a administração pretende ampliar o número de vagas da Orquestra. Segundo a coordenação pedagógica, é notória a boa aceitação do projeto no bairro, um dos mais carentes da capital.

“Sempre há jovens interessados. Eles procuram saber quando haverá novas turmas para se matricularem, não é somente pela bolsa, mas pela socialização que a música traz para essas pessoas”, reforça Márcio Rodrigues.

Para a coordenadora de produção, Tiara Camera, o projeto é bastante expressivo para a comunidade do Santa Maria, pois as mudanças são evidentes. “O projeto causou uma mudança muito impactante no bairro, por conta do acesso que a música clássica trás para esses jovens, através das linguagens artísticas obtidas durante as aulas, os pais procuram a secretária para relatar como os filhos mudaram de vida, melhoram notas, mudaram totalmente seu comportamento”.

As aulas acontecem em anexo ao Colégio estadual Vitória de Santa Maria, no bairro Santa Maria. O corpo docente é formado por 10 profissionais, entre eles professores e músicos da Orquestra Sinfônica de Sergipe (Orsse).