Como ficamos maravilhados e incrédulos que uma orquestra, com quarenta ou mais componentes possa, sob a batuta de um competente regente, reproduzir uma sonoridade tão harmoniosa e agradável.
Uma cidade, no plano administrativo, assemelha-se a uma orquestra, tendo na figura do prefeito o maestro que com o seu secretariado e demais servidores, saiba imprimir o ritmo dentro do compasso e sintonia, a fim de alcançar as metas previamente traçadas.
Penedo, sob o ordenamento arquitetônico, especialmente na área histórica, com ênfase na sua sala de visitas, avenida Beira Rio, acreditamos que não houve a participação de um arquiteto em seu projeto, tal o péssimo gosto da criação que ao invés de ter sido ungida com a graça da bela inspiração, ateve-se a uma vulgar respiração. A praça em referência é um enorme vazio. A sua paisagem é estéril pela estúpida nudez do calçamento. Nada, absolutamente nada que acene para o bom gosto e a beleza. Bancos, jardins e arborização para amenizar a temperatura local, passou longe pela cabeça do autor que, parecendo um primitivo adorador do fogo preferiu, como tal, uma avenida quente e abrasada, alheia ao bem-estar das pessoas.
A constatação de tudo isso nos faz acreditar que esses projetistas pensam que Penedo, por ser velha, não combina com atavios para embelezá-la. Essa ausência e despreocupação pela busca do belo, sedimenta nossa convicção de que Penedo sofre de um autodesprezo. Não chega a ser uma favela mas tem tudo, por índole, para chegar até lá. O comércio ambulante, um honesto meio de vida que merece um melhor tratamento, não dispõe de um local próprio, com barracas padronizadas. O de produtos artesanais, que tinha local próprio e visível, foi deslocado para a invisibilidade. Os entendidos em comércio dizem que o ponto comercial está em primeiro lugar. Em segundo, ainda o ponto. A visibilidade, em qualquer ramo, é a peça fundamental. De quem teria sido a ideia?
Um fato que nos chama a atenção é o estigma da morosidade das obras que têm o dedo do IPHAN. Umas têm início e ficam paralisadas pelo meio do caminho e outras se eternizam por causas desconhecidas. A título de exemplo, queremos acreditar que o Mercado Municipal quando for reinaugurado estará necessitando de reparos. Temos verdadeiras sinfonias inacabadas e outras que tocam monotonamente a passo de tartaruga. Como classificaríamos tal estado de coisa? Excluídos estariam os bons adjetivos.
Enfim, a verdade é que não sabemos o porquê de tantas dissonâncias da orquestra arquitetônica de Penedo. Emperrada e enferrujada no campo da criatividade, esperamos que essa deficiência seja contornada, que surjam novos maestros para que, com a indispensável sensibilidade, deem um novo arranjo no movimento, encantando-nos com a inspiração de belos e harmoniosos acordes musicais.
