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Penedo

Obra faraônica da transposição do ?Velho Chico? é debatida na Casa de Aposentadoria de Penedo

O palestrante e deputado Inácio Loyola expôs que existem soluções que poderiam preservar o São Francisco

Orçado em cerca de R$ 10 bilhões, tido por uns, com um projeto megalomaníaco do governo federal, por outros, a redenção do Nordeste, a transposição do Rio São Francisco, ou Velho Chico, para os beiradeiros, ainda divide opiniões.

E noite desta quinta-feira (27), uma boa inciativa da Prefeitura de Penedo, com o Rotary Club, trouxe até a Casa de Aposentadoria, na Praça Barão de Penedo, Centro Histórico, o deputado estadual, ex-prefeito de Piranhas e, também ribeirinho, Inácio Loyola (PSB).

Em pouco mais de uma hora, ele explanou aos presentes que lotaram o auditório, um pouco sobre a transposição do Rio e a tão propalada revitalização, que deveria acontecer antes e durante a obra, que vai captar água em dois pontos distintos do São Francisco, sendo um deles em Pernambuco e outro na Bahia, para levar água aos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Formado em Agronomia, Direito e História, a parlamentar participa constantemente de debates em torno da transposição, sempre sendo contrário e mostrando inciativas que poderiam preservar o ‘Velho Chico’ e poupá-lo do que pode ser o seu fim, segundo estudiosos.

“O motivo deste encontro é a preocupação com a situação do Rio. A situação do Baixo São Francisco é muito preocupante. São oito hidrelétricas em seus 2.700 quilômetros de extensão e, quem mais sofre, somos nós. O Rio perdeu as forças, uma grande prova disso, é a foz. Antes, o São Francisco adentrava até 15 quilômetros no Oceano Atlântico, hoje, toda a área foi tomada pelo mar. Isso mostra a sua situação. A vazão reduzida também ocasionou o surgimento de bancos de areia em seu percurso. Sem força, não tem como desfazê-los. O assoreamento é mais uma prova da sua degrdação”, observou o palestrante.

Um doente não pode ser doador de sangue: revitalização

“Não se pode tirar sangue de um doente que está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Primeiramente precisamos estabelecer sua saúde, para só então, pensarmos em transpôs suas águas. A revitalização deveria está em andamento, para começarmos doar”, pontuou.

Inácio Loyola também colocou que é preciso reflorestar suas encostas, tratar os esgotos que ainda são jogados diretamente no seu leito. Recuperar suas lagoas marginais. E claro, trabalhar o seu assessoramento. Ele explica que a revitalização do Velho Chico se divide em duas vertentes, a primeira que é a ambiental e a segunda, econômica. Sendo esta, o aumento de sua vazão, a piscicultura e a navegação.

O parlamentar é um militante assumidamente contrário à transposição das águas do São Francisco. Para encerrar sua palestra, Loyola mostrou várias imagens da situação de degradação e baixa vazão do Rio e, defendeu a maior exploração de fontes alternativas de captação de água, a exemplo do potencial de aquíferos subterrâneos, que poderiam substituir o São Francisco, do que pode ser o seu fim, a transposição.

“Todos querem mudar, porém nada faz para mudar a si mesmo”, encerrou o convidado com uma frase do escritor russo Leon Tolstoi.