Somente na tarde desta terça-feira, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil de Alagoas, Gilberto Irineu, recebeu duas denúncias de truculência e agressão praticadas por policiais militares, entre eles um aspirante.
Nos dois casos, as vítimas que estiveram na sede da OAB/AL para denunciar os fatos preferiram não se identificar, temendo represálias.
A primeira acusação contra os militares foi feita por um promotor de vendas, que se diz ser sobrinho de um sargento da Polícia Militar. Ele apresentou marcas das agressões e fotografias para comprovar a denúncia de espancamento, que aconteceu em um trecho da Via Expressa, na madrugada do último domingo (7).
De acordo com o jovem, além de ter sido espancado com vários pontapés desferidos nas costas e principalmente na cabeça, os militares teriam tentado forjar provas contra ele, induzindo-o a assinar um documento onde confirmaria seu envolvimento em um crime de porte ilegal de arma e de ter causado um acidente de trânsito, no bairro da Santa Lúcia, que vitimou um casal.
A vítima ressaltou que antes de ser espancado, os policiais militares teriam lhe seguido, fazendo vários disparos de arma de fogo contra ele.
O rapaz relatou também que teria tentando se identificar como sendo sobrinho de um sargento da PM, mas acabou sofrendo ainda mais agressões físicas e verbais, principalmente por parte do aspirante identificado por Hugo Gabriel da Omena.
A vítima revelou ainda que a sessão de espancamento somente teria terminada porque seus colegas gritaram, alegando estar filmando as agressões.
O jovem diz que após a agressão, uma viatura do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), chegou ao local para fazer o seu socorro, e os policiais militares disseram que o promotor de vendas teria sido vítima de acidente de trânsito.
No segundo caso, a vítima é o técnico de telefonia. Ele acusa o cabo da PM Manoel Braz de agredi-lo e ameaça-lo de morte. A agressão aconteceu no também na madrugada do último domingo (7), no bairro da Santa Lúcia.
2º Caso
O técnico de telefonia contou que após ter deixado a sua esposa em casa, subiu em sua motocicleta para buscar seu filho que ficou na casa de seu tio, no bairro do Cleto Marques Luz.
O rapaz disse que ao tentar partir, foi interceptado pelo policial militar que segundo o técnico de telefonia estava esperando-o chegar, dentro de seu veículo um Kadet de cor prata.
A vítima revelou que depois de ter colocado o carro por cima dele, o militar teria descido com arma em punho, dando-lhe um golpe no pescoço, tentando sufoca-lo, além de desferir vários golpes como socos na região do peito.
Ao ser agredido, o técnico de telefonia prestou queixa na Delegacia de Plantão (Deplan) 2, no Salvador Lira.
A vítima informou que, na manhã de hoje, o seu cunhado foi visitá-lo em sua casa, e acabou também sendo vítima das agressões do cabo Manoel.
De acordo com o técnico de telefonia, o militar teria efetuado um disparo de arma de fogo na região genital de seu cunhado, que foi socorrido e encaminhado ao Hospital Geral do Estado, e em seguida foi liberado e passa bem.
O técnico telefonia acredita que a agressão contra seu cunhado é uma represália contra a denúncia que ele formulou junto à Deplan 2.
Irineu disse que vai fazer ciência ao Comando Geral da Polícia Militar e também a Corregedoria da Corporação solicitando abertura de sindicância para apurar e punir os culpados.
“A OAB não compactua com policial que se apresenta fora da lei e a Corporação da Polícia Militar também”, afirmou Irineu.
O presidente da CDH da OAB/AL disse que a abordagem é legal e precisa ser feita com firmeza, não com abordagens truculentas.
“Esses fatos demonstram o despreparo e a falta de conhecimento humano, jurídico e técnico operacional”, completou.