Você passa por uma situação de assalto, os ladrões levam sua bolsa e as pessoas lhe dizem: “Agradeça a Deus por não estar machucada”. Agora eu pergunto o que falar para a família enlutada do Capitão Macário? Assassinado brutalmente por “assaltantes” em plena luz do dia, em sua residência, quando saiu em defesa de sua família.
Então, que diremos aos pais idosos que perderam um filho tão querido, à esposa que ficou sem seu esposo amoroso, aos filhos que nunca mais sentirão o seu abraço forte, dando-lhes a segurança tão necessária, aos irmãos que não terão mais seu carinho e aos amigos que sentirão muita saudade de uma pessoa tão estimada.
A violência campeia a solta em nosso Estado e já se tornou algo banal. Andamos assustados nas ruas. Nossa casa deveria ser nosso porto seguro. Todavia, pode ser invadida a qualquer hora, tanto faz seja dia ou noite, nada intimida mais os malfeitores. Para eles atingirem seus objetivos, uma vida a mais ou a menos não faz a menor diferença.
Por que chegamos a esse ponto? A resposta pode estar lá atrás, na formação sócio, histórica, política, econômica e cultural brasileira. Os índices alarmantes da violência em Alagoas também estão presentes em todos os Estados da federação, às vezes em proporção menor, provocados pela falta de educação, cultura, emprego, geração de renda, enfim de políticas públicas eficazes no combate e prevenção dessa mácula em nossa sociedade.
Enquanto houver crianças passando fome, sem escola, sem lazer, sem acesso às artes e educação, não haverá perspectivas melhores em relação à segurança para nós pessoas dignas, honestas, trabalhadoras e contribuinte de impostos, que se diga de passagem nossa carga tributária é uma das mais altas do planeta.
O criminoso não nasceu criminoso, uma série de circunstâncias o levou por esse caminho. É preciso termos consciência também dessa realidade como cidadãos que somos e sermos participativos de alguma forma, seja nos engajando nos movimentos a favor da paz, cobrando posicionamentos dos nossos governantes, enfim nos envolvermos mais com os problemas do nosso Estado. A crítica é importante, mas não soluciona os problemas, a participação sim, poderá ser a solução. Precisamos que Estado e sociedade civil busquem juntos o caminho da PAZ.
E agora, o que falar para a família enlutada do Capitão Macário?
Devemos dizer que siga em frente, já que os seres humanos têm a enorme capacidade de superação. Será o bastante?
Sabemos que nada trará o ente tão querido de volta e que só o tempo diminuirá tamanha dor. Mas, dependendo do nosso posicionamento daqui por diante, talvez ele não seja mais um que tombou em vão.