Um leitor comentou que meu artigo “O maestro das organizações”, publicado nesse espaço em 22.07.2020, poderia ser de uma maneira mais objetiva para não se tornar cansativa “base filosófica”.
Toda ciência tem a filosofia como seu sustentáculo, pois ela é o campo de conhecimento que estuda a existência humana e o saber por meio de análise racional. A administração como toda ciência também tem a sua filosofia, sendo ela restrita ao campo do pensamento e da pesquisa da teoria e prática administrativa.
A filosofia, que é a forma de ser e agir, em nível empresarial é definida quando a organização anuncia a todos as pessoas do seu relacionamento a sua missão, pois é através dela que declara qual sua principal razão de ser, que quase sempre está exposta em destaque como uma obra de arte na sua entrada principal e que deve ser o norte principal do comportamento de seus colaboradores, cabendo a nós destinatários desses compromissos verificar, se de fato, as pessoas dessas organizações estão agindo de acordo com essa filosofia manifestada publicamente.
Esse marco intencional da organização, torna mais simples o posicionamento de seus dirigentes e qual a filosofia geral de gestão os seus líderes deverão replicar no relacionamento com seus subordinados.
No contexto da era industrial, a filosofia das organizações estava direcionada a eficiência de suas produções, seguindo as teorias da administração da época, nomeadas como clássica, na qual a preocupação fundamental estava focada nos equipamentos e manuais, ficando os trabalhadores limitados à utilização de suas capacidades físicas e habilidades manuais.
O desenvolvimento produtivo acelerou a necessidade das organizações a promoverem a organização nos seus diversos procedimentos, conciliando as diversas funções em uma estrutura de departamentos interdependentes, onde a soma do todo produzisse resultados melhores que a soma das partes isoladamente. Essa filosofia estava adequada á teoria estruturalista que despontou após a clássica, unindo atividades fim com atividades meio ou logística.
Até então as pessoas eram consideradas como simples “recursos-reserva”, termo utilizado por Frederick Herzberg em seu artigo Como você Motiva os Funcionários, podendo ser substituídas a qualquer hora e por qualquer motivo, como uma peça mecânica defeituosa.
Para preencher a ausência da importância das pessoas nos diversos processos produtivos das organizações, os cientistas comportamentais revolucionaram os modelos de gestão considerando-as como componentes imprescindíveis dos resultados pretendidos pelos dirigentes organizacionais, desde que fossem observadas e promovidas atitudes saudáveis aos funcionários como suas necessidades higiênicas e motivadoras, as atitudes, as competências, as expectativas, as aspirações profissionais em níveis individuais, No padrão coletivo a imparcialidade de tratamento, seriedade na avaliações de desempenhos, transparência nos processos decisórios são considerados fundamentais. A realização, ou não, desse universo de propósitos é que influenciará o clima organizacional favorável ou desfavorável aos valores humanos. Foi desses estudos, teses e pesquisas que surgiu a Teoria Comportamental da Administração.
O Wikipédia define filosofia como o estudo de questões gerais e fundamentais sobre a existência, conhecimento valores, razão, mente e linguagem, tornando mais simples entender que a filosofia de gestão nos leva a reflexão de como são conduzidos os processos dentro das organizações e as formas que como tais influenciam o modo de gerir pessoas.
Considerando as teorias da administração aqui tratadas, os dirigentes empresariais podem optar qual das três filosofias gerais da administração terá influência maior na sua gestão; a primeira baseada na engenharia da produção, a segunda na teoria organizacional e a terceira na ciência do comportamento.
Caberá ao dirigente a “escolha de Sofia” qual das três filosofias gerais predominará, porém diferentemente de “Sofia”, ele poderá trocar essa filosofia de gestão quando comprovar que a sua escolha não proporcionou os resultados que esperava. Não é demasiado repetir que quem proporciona resultados aos recursos imobilizados das organizações são seus recursos intangíveis, e o principal deles continua sendo as pessoas.
Como a filosofia tem como pilares a sabedoria plena e perfeita, mas conforme Pitágoras de Samos afirmou que esses atributos são apenas dos deuses, as pessoas devem, nas suas limitações humanas, procurarem incessantemente aprimorar essas qualidades.
Voltando à abertura desse artigo, as responsabilidades atribuídas aos subordinados serão coerentes com a filosofia de gestão dos dirigentes, que poderão ser restritas e controladas ou amplas e compartilhadas.
Os líderes que decidam.