A ativista, pesquisadora e escritora Carla Akotirene é mais uma presença confirmada na programação da 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas. O maior evento cultural e literário do estado será realizado entre os dias 11 e 20 de agosto no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, no bairro de Jaraguá, em Maceió e contará com a participação de Carla que, dentre outros temas, ganhou notoriedade ao falar sobre interseccionalidade e o que ela significa após publicação de livro sobre o assunto.
“O conceito visa explicar a inseparabilidade estrutural do racismo, capitalismo e cisheteropatriarcado, bem como as articulações decorrentes daí, que imbricadas repetidas vezes, colocam as mulheres negras mais expostas e vulneráveis aos trânsitos das estruturas. Interseccionalidade não é sobre quantas identidades uma pessoa tem! É sobre matriz de poder colonial que cria e dificulta o trânsito das identidades lidas na categoria de Outros”, disse a autora em entrevista ao site Casé Fala.
Além de “O que é Interseccionalidade” (2018), lançado pela Coleção Feminismos Plurais que é coordenada por Djamila Ribeiro, Carla Akotirene também é autora de “Ó Paí Prezada! Racismo e sexismo tomando bonde nas penitenciárias femininas de Salvador” (2020), tendo ambos sido publicados pela Editora Jandaíra.
Imortais presentes
A Bienal 2023 contará com a presença de dois imortais da Academia Brasileira de Letras, são eles: Antônio Torres e Marco Lucchesi.
Em sua trajetória, Torres foi contemplado com várias premiações, dentre elas o Pen Clube do Brasil para Balada da Infância Perdida (1987), hors concours da União Brasileira de Escritores para O Cachorro e o Lobo (1997), Prêmio Machado de Assis, da ABL por todo conjunto da obra (2000), Selo Oficial dos 450 anos do Rio de Janeiro para as obras “Meu querido Canibal” (2000) e O Nobre Sequestrador” (2003), dentre outros.
Seu livro mais recente é o romance “Querida Cidade” (2021) onde Torres narra a história de um protagonista que deixou sua cidade natal para tentar uma vida melhor, estudar ou simplesmente fugir de alguma coisa. Em conversa com sua mãe, sobre seu pai, o protagonista, então, começa a rememorar sua própria trajetória de êxodo, fracasso e de um eventual retorno às origens.
Já Lucchesi teve suas primeiras publicações foram feitas ainda na adolescência e trocou diálogos considerados decisivos para sua trajetória com nomes como Antonio Carlos Villaça, Nise da Silveira, Carlos Drummond de Andrade.
Não à toa, seus livros sempre foram objeto específico de pesquisas, temas de dissertações de mestrado e teses de doutorado, além de seminários e cursos de extensão em diversas universidades, mas também no ensino em redes municipais, estaduais e federais (nesta, em especial, contribui na formação continuada de professores), assim como disciplina em programas de pós-graduação stricto sensu, como informa sua biografia no site da Academia Brasileira de Letras.
Sua obra mais recente é “Adeus, Pirandello” (2021), publicado pela editora Rua do Sabão e escrito durante a pandemia da covid-19. Nele, Lucchesi narra a trama de Luigi Pirandello, o famoso dramaturgo e futuro ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, autor de “Seis personagens à procura de um autor”, visitou com sua companhia teatral a cidade do Rio de Janeiro, na época capital da República, para duas temporadas. Além disso, temas como solidão, epidemia, amor e literatura estão na gênese do romance.
E não para por aí
A escritora, historiadora e antropóloga Lília Schwarcz é mais um nome confirmado na programação da 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas.
Dentre as obras escritas por Lília, estão “O Espetáculo das Raças” (1993), “As Barbas do Imperador” (1998) – este, por sua vez, ganhou o Prêmio Jabuti de Livro do Ano, além de “Brasil: uma biografia” (com Heloísa Murgel Starling, 2015), “Lima Barreto: Triste Visionário” – que levou o Prêmio Jabuti de Biografia (2017) e “Sobre o Autoritarismo” (2019).
Além desses títulos, a autora também assina “Enciclopédia Negra” (2021), escrito também com Jaime Lauriano e Flávio Gomes e vencedor do Prêmio Jabuti de Ciências Humanas) e “O Sequestro da Independência” (2022), com Carlos Lima Júnior e Lúcia Klück Stumpf, todos eles publicados pela editora Companhia das Letras, da qual é fundadora.
Sobre a Bienal
Com variada programação, que está sendo organizada pelas equipes da Ufal, via Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal), Pró-reitoria de Extensão (Proex), Coordenação de Assuntos Culturais (CAC) e Assessoria de Comunicação (Ascom), e correalização do Governo de Alagoas, por meio de suas secretarias, a 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas também contará com apoio do Sebrae, Sesc e outras instituições. A coordenação geral da Bienal de Alagoas é da professora Sheila Maluf.