Em 1978, o mundo presenciou um marco na área da reprodução humana: nascia na Inglaterra o primeiro bebê de proveta. Casais inférteis, antes sem a possibilidade de obter a gravidez tão desejada, tiveram, a partir dessa data, esperanças renovadas.
“A infertilidade, que atinge cerca de 15% dos casais no período reprodutivo, ou seja, entre os 15 e 45 anos – passou a ter uma ampla gama de tratamentos cada vez mais bem sucedidos a medida que as pesquisas evoluem”, considera o especialista em reprodução humana Felipe Oliveira de Albuquerque.
A literatura médica diz que a pesquisa do casal infértil visa atingir identificar e corrigir as causas de infertilidade, informar detalhadamente cada passo do tratamento, proporcionar apoio emocional durante a pesquisa e tratamento do casal e oferecer as formas de tratamentos convencionais, bem como técnicas de fertilização assistida, se necessárias.
Conforme explica Felipe Oliveira, o primeiro passo é a avaliação da infertilidade através da análise do fator masculino, com o estudo do sêmen por meio da coleta e do exame conhecido como espermograma. “Vale salientar que em 35% a 40% dos casos de infertilidade a causa é masculina. Já quando analisamos o fator feminino é fundamental, a princípio, afastar a possibilidade da existência de doenças sistêmicas que interferem no processo reprodutivo, tais como: diabetes, doenças da tireóide, obesidade e outras”, acrescentou Felipe Albuquerque.
De acordo com o histórico da paciente e considerando outros fatores clínicos, o médico pode lançar mão de um extenso arsenal de métodos de diagnóstico para identificar a origem da infertilidade, como por exemplo videohisteroscopia, videolaparoscopia, ultrasonografia, dosagens hormonais entre outros.
Após esse estudo do casal, é possível identificar as principais doenças envolvidas na origem da infertilidade. No homem, a varicocele – conhecida varize que se forma na bolsa escrotal – é a principal causa. Já na mulher a falta de ovulação, a endometriose e alguns processos infecciosos estão entre as doenças mais freqüentes.
Os avanços na terapêutica do casal infértil tem sido constantes e incluem desde a descoberta de substâncias mais eficientes no tratamento de indução da ovulação até as técnicas mais avançadas de fertilização “in vitro”.
Não foram poucas as mães beneficiadas por cirurgias videohisteroscópicas, que permitem a retirada de pólipos, miomas, septos e aderências no útero sem a necessidade de cortes, assim como por técnicas minimamente invasivas como a videolaparoscopia, que possibilitam o tratamento de endometriose, cistos de ovários e aderências pélvicas utilizando microcâmeras e pinças e descartando incisões de grande porte.
Conforme destaca o médico Antonio Carlos Albuquerque, um dos principais nomes da reprodução humana em Alagoas, no campo da fertilização “in vitro” os resultados alcançam até 65% de chances de se alcançar a gravidez, dependendo o sucesso, basicamente, da idade da mulher.
Ele cita ainda a injeção intracitoplasmática de espermatozóide (ou ICSI, por sua sigla em inglês), técnica iniciada na década de 90 que tornou possível a fertilidade em homens vasectomizados e em mulheres que retiraram as trompas.
A ICSI favoreceu o desenvolvimento de novos exames a serem realizados antes do implante do embrião no útero, oferecendo aos pais a tranqüilidade de iniciar uma gravidez com um embrião sem alteração genética ou cromossomial.
“Toda essa evolução no campo da reprodução humana propiciou a casais antes inférteis, a possibilidade de alcançar a gestação desejada. A tecnologia avança a cada segundo, novas técnicas deverão surgir nos próximos anos e, consequentemente melhores resultados deverão ser obtidos. O importante é que, antes de mais nada, sejam resultados conquistados dentro de princípios éticos”, finalizou Felipe Albuquerque.