A voluntária da Cruz Vermelha Cilma de Paula Azevedo, 37 anos, escolheu um local inusitado para se casar: o Hemocentro de Brasília. Com a cerimônia, realizada no final da tarde desta quarta-feira (21), ela quis chamar a atenção para a importância da doação de sangue. Não por acaso: após um acidente de carro, Cilma conseguiu sobreviver por ter recebido sangue doado ao hemocentro. Em vez de presentes, a noiva pediu aos convidados doações para ajudar de pessoas que necessitarem de sangue.
Usando um vestido branco, como é tradição, Cilma foi recebida por parentes e amigos no local, normalmente frequentado por pacientes e doadores. “Doar sangue é um ato de amor. Você pode ajudar alguém que nem conhece com uma bolsa de sangue que parece ser tão pequena, mas é algo enorme diante da possibilidade de salvar uma vida”, disse Cilma, após ter dado o sim ao noivo, Francisco da Conceição de Carvalho, 49 anos.
O noivo lembrou o dia do acidente. Ele viu o momento em que o corpo de Cilma foi prensado entre dois carros, em frente à sua casa. Ela sofreu ferimentos graves e ficou muito tempo internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular de Brasília. Mal podia falar.
“Nessa época, justamente por causa dos trabalhos voluntários que ela fazia, recebemos muitas visitas de pessoas que queriam ajudar. Isso comoveu Cilma. Como a ideia de casar já era certa, ela me surpreendeu com um bilhete, no qual dizia que nos casaríamos não em uma igreja, mas no Hemocentro”, recordou Francisco.
Antes do início da cerimônia, cinco convidados para a cerimônia doaram sangue e outros 20 agendaram para a próxima semana. Segundo a diretora do Hemocentro de Brasília, Fátima Brito Portela, há muitas outras pessoas precisando de doações de sangue em hospitais. “Esse gesto é um incentivo para muitas pessoas que têm condições de doar e que, por crença, medo ou outro motivo qualquer, não doam. A doação é um ato que dá certo. Cilma é a prova viva disso.”
No final da cerimônia, foram entregues troféus como prêmio para pessoas que doam sangue ou desenvolvem outro trabalho voluntário.
Para a subsecretária do Pró-Vida, Valéria Velasco, que recebeu um dos troféus, o bom exemplo sempre sensibiliza. “Casar aqui no Hemocentro é uma atitude para chamar a atenção das pessoas de forma positiva.”
Amigo de longa data do casal, o bancário Adaílton França Braga, 47 anos, também recebeu um dos troféus representando os doadores de sangue da cidade. “Eu doo há mais de 11 anos. É um prazer ajudar outras pessoas. Quando vi minha amiga em uma situação difícil, só reforcei algo que já fazia há um tempo. Já vou doar semana que vem, não para Cilma, mas por Cilma e por tantas outras pessoas.”
Para doar sangue é necessário ser saudável, ter entre 18 e 65 anos e pesar mais de 50 quilos. Além disso, a pessoa não pode ter comportamento sexual de risco, por causa do risco de contágio por doenças sexualmente transmissíveis.