Após 72h do capotamento na Serra da Barriga, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) segue mobilizada para assistir os 32 feridos acolhidos no Hospital Regional da Mata (HRM), em União dos Palmares, e no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió. Exames, medicações, curativos, terapias e cirurgias têm sido realizadas por diferentes profissionais, todos focados em restabelecer a saúde e, assim, conceder conforto aos corações enlutados.
Uma das provas disso é o caso da dona de casa Deborah Fabrícia de Almeida Francino, de 24 anos, que reside em Maricá (RJ). Após longo período sem visitar a família, ela conseguiu vir à Alagoas apresentar a sua filha de um aninho e matar a saudade de sua cidade natal. O que ela jamais poderia imaginar é que tamanha tragédia causaria a morte de três primas (uma delas gestante), os ferimentos em mais uma prima e na própria filha que ainda é um bebê.
“Estamos devastadas! O meu tão esperado retorno está sendo marcado por uma intensa dor. E eu não falo do meu corpo, falo no coração de todos nós e em como tudo isso nos desestruturou. Eu sofri fraturas na coluna e uma no fêmur proximal direito. Isso já impossibilitou acalmar a minha filha desde o acidente. Lembro que durante a descida do ônibus eu abracei com muita força a minha filha, mas em um dado momento não consegui segurá-la e acordei sem ela nos meus braços”, disse a turista.
Mãe e filha foram arremessadas durante o capotamento do ônibus e caíram na vegetação da serra em locais distantes. A criança teve uma fratura nos ossos parietais, mas já recebeu alta médica; a sua outra prima também recebeu atendimento na maior unidade de Urgência e Emergência de Alagoas e já voltou para casa. Enquanto ela permanece internada na Área Verde, as outras três primas foram sepultadas no cemitério localizado na “Terra da Liberdade”.
“Quero fazer um elogio à direção do HGE, pois desde o primeiro momento que a gente chegou aqui foi disponibilizado um local para nos acomodarmos, além do acolhimento com assistente social, atenção do pessoal da limpeza, alimentação disponibilizada por nutricionistas etc. Estamos sendo bem tratados diante de uma fatalidade tão grande, mas, com todo esse apoio, a dor está sendo amenizada”, afirmou Daize da Silva, tia de Deborah.
SUCESSO
Com a indicação de tratamento conservador das fraturas identificadas na coluna vertebral, foi apontada pela equipe médica a intervenção cirúrgica para a correção da fratura no fêmur direito. O procedimento foi realizado na tarde desta quarta-feira (27) com a participação de residentes e outros profissionais necessários para o alcance do sucesso. Agora, a recomendação é ter paciência, respeitar as orientações dos especialistas e buscar pensamentos positivos.
“A paciente Deborah sofreu uma fratura de fêmur proximal na região do quadril. Essa fratura incapacita para andar e é uma conduta cirúrgica independentemente da idade, a pessoa sendo nova ou idosa. O tratamento que realizamos nela foi uma fixação da fratura. Fizemos a redução com via pouco invasiva e foi feita a fixação com placa e parafuso específicos para essa região”, explicou o médico ortopedista Hilton Barros.
O especialista espera que a mãe de família volte a andar, consiga movimentar a perna e tenha uma ótima recuperação. Ainda não há previsão para a alta médica, mas há a expectativa de que Deborah possa abraçar a sua filha, que está temporariamente com a avó, o quanto antes. No que depender do HGE, referência em traumas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o retorno seguro para casa acontecerá o mais breve possível.
“Estamos trabalhando com coração na recuperação de cada paciente, atendendo às necessidades e limitações de cada um. Os tratamentos são diferentes, mas a vontade da nossa equipe em devolver saúde e bem-estar é de todos os servidores. Esse também é um desejo do nosso governador Paulo Dantas, que tem nos ajudado muito a salvarmos essas e outras vidas”, assegurou Fernando Melro, diretor geral do HGE.ATENDIMENTO
Desde domingo (24), o HGE já atendeu 12 pessoas com ferimentos causados pelo capotamento de ônibus escolar com destino a evento na Serra da Barriga, em Alagoas. Destes, seis permanecem internados, cinco receberam alta médica e uma criança de quatro anos lamentavelmente não resistiu. Todos receberam os cuidados multidisciplinares na Área Vermelha e, posteriormente, nos setores especializados para o tratamento necessário.
Agência Alagoas