Negociadores de dezenas de países praticamente viraram a noite de ontem (8) elaborando o rascunho do texto base de um acordo a ser assinado por ministros e chefes de Estado presentes na 16ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudança Climática (COP-16) em Cancun, no México.
Analistas dizem que o texto precisa ser concluído pelo menos até o início da tarde de hoje (9) para que os líderes das delegações tenham tempo suficiente de discutir os detalhes e resolver possíveis impasses. O negociador brasileiro no encontro, Luiz Alberto Figueiredo, disse que está “cautelosamente otimista” com relação ao texto. Ele está trabalhando, junto com representantes britânicos, para um possível acordo sobre novos cortes de emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, com base no Protocolo de Quioto, a partir de 2012. “Todos os países estão engajados. Estamos explorando uma linguagem que pode fazer pontes importantes”, afirmou o diplomata, sem entrar em detalhes.
Brasileiros e britânicos, a pedido da Presidência mexicana do encontro, tentam há dois dias encontrar uma solução para o impasse criado na semana passada, quando o Japão anunciou não ter a intenção de assumir metas de cortes de emissões na segunda fase de Quioto. A negativa, embora não fosse uma surpresa total – pois dois dos principais concorrentes dos japoneses, Estados Unidos e China, não terão metas neste segundo período de Quioto – criou uma situação difícil.
Para muitos países na conferência, o Protocolo de Quioto é um instrumento testado e aprovado que não pode ser abandonado sem que exista algo concreto para substituí-lo. Por outro lado, negociações sobre florestas vêm sendo dadas como praticamente fechadas. Faltam detalhes, mas observadores dizem que eles seriam de fácil resolução, uma vez que existe pressão para conclusão. Faltando dois dias para o fim da reunião, a pressão só tende a aumentar.
Entre os detalhes que faltam ser acertados para um acordo sobre cortes de emissões de florestas estão a questão de como garantir a eficácia de salvaguardas em projetos florestais e a entrada de mecanismos de mercado no financiamento de projetos para redução de emissões por desmatamento e degradação (Redd).