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Naufrágio

Deve ser desesperador, em meio a tempestade em alto mar, sem bóias, à mercê dos perigos, um barco ser atingido pela força poderosa de uma inevitável e gigantesca onda.
A situação fica ainda mais dramática quando o tal barco não se preparou para os eventuais fenômenos da natureza.

O que fazer nesse momento? Entrar em pânico? Pular do barco antes do tempo? Abandonar aqueles que confiaram na sua capacidade? É difícil precisar. O momento crítico enfraquece o homem, desamarra os laços da amizade, se fundamentada em bens materiais. No momento da queda, a arrogância, o esnobismo, as promessas de segurança vão ao chão ou no caso, à água. Os mais vulneráveis, antes, com os olhos fixos no comandante, perdem o encanto pelo seu guia, e em nome da sobrevivência, decidem, sem orientação, pelo que é melhor.

Esse desejo de sair imune, estimula o pulo. Aquele barco já não é o lugar seguro de outrora… As correntes se quebraram e os elos, antes fortalecidos, se romperam e cada um deles se distanciou daquilo que antes era uma corrente que impedia qualquer outra de adentrar no barco e que não se preocupou em tirar a sujeira da bússola que em cada navegação se precipitava para o naufrágio…

O homem ainda não aprendeu a distinguir o sentido do “ser” e do ” estar”. O ser dura toda a existência. O estar é um período. Não podemos nos apegar ao barco, pensando que ele será sempre nosso. Um dia teremos de entregá-lo nas mãos de outro comandante e que essa entrega seja tão digna e feliz pelo dever cumprido.

O barco a que me refiro é a Prefeitura Municipal de Penedo! O comandante, é cada Prefeito que vai assumindo através dos séculos. Cuidar desse barco é dever de cada um que vai chegando. O que não pode acontecer é querer tomar posse, se aboletar e em nome não sei de quem, lutar desesperadamente para não sair, apelando pra todos os meios inimagináveis. E quando não consegue, descarregar toda a revolta nos tripulantes, deixando-os sem meios para sobreviverem, tirando-lhes todas bóias.

Depois das eleições é visível a mudança em nossa cidade. Lixo por toda parte, postos sem atendimento, funcionários sem seus vencimentos. O paraíso encantado acabou! A alegria do poder virou sombras. O ideal pela cidade voou para bem longe! Quando se ama, jamais se abandona o amor no momento em que a estrela deixa de brilhar! Pelo contrário, qual guardião, fiel ao palácio, o comandante deveria brilhar ainda mais, esperando a saída do último tripulante, apertando sua mão e agradecendo pela presença na tripulação. Assim é que deve ser! Mas não está sendo. Que pena! Sejamos como aqueles músicos do TITANIC , que tocou violino até o navio afundar!