O Governo do Estado, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), está preparando um espaço permanente, aberto ao público, dedicado ao talento e ao legado do escritor, poeta, jornalista, cronista e alagoano Lêdo Ivo. As obras estão em ritmo acelerado já que inauguração está prevista para dezembro. O investimento é de R$ 191.706,25 na instalação do memorial, patrocinado pela Caixa Econômica Federal.
Segundo o secretário de Estado da Cultura, Osvaldo Viégas, o Memorial Lêdo Ivo, assim como o Espaço Aurélio Buarque de Holanda, consolida o propósito da Secult de ampliar o acesso à cultura e aos grandes nomes da literatura alagoana. “É uma grande honra preservar a história e os trabalhos de Lêdo. Estive com ele visitando o espaço e pude sentir a satisfação em tornar público o seu conhecimento, a trajetória de vida e a paixão pelos versos”, afirma Osvaldo.
A equipe de profissionais é formada pela diretora do Pró-Memória, a arquiteta Adriana Guimarães, pelo jornalista Werner Salles e diretor do filme Imagem Peninsular de Lêdo Ivo (2004), um documentário que conta a trajetória do escritor – vencedor do Prêmio Doctv – e Leda Almeida, historiadora, autora da biografia de Lêdo, Labirinto de Águas (2002), e curadora do memorial.
A sala onde funcionará o memorial fica no primeiro andar do Museu Palácio Floriano Peixoto e ocupará quatro ambientes. O projeto é moderno e promete surpreender o visitante. “Pensamos num espaço que traduza o universo de Lêdo e onde o público vai poder interagir com as obras”, explica Adriana.
A arquiteta revela ainda alguns detalhes do projeto. “Logo na entrada, no primeiro ambiente, serão colocados sete monitores exibindo vídeos contando o amor pela escrita. Em seguida, teremos uma linha do tempo com a história dele e de suas obras”, entrega Adriana. Os últimos dois ambientes tiveram como referência o livro Ninho de Cobras (romance lançado em vários idiomas) e a poesia Planta de Maceió, onde um farol será montado com 64 fotos.
O acervo doado pelo próprio Lêdo contabiliza até agora 42 livros, 11 quadros, condecorações, fitas de vídeo, poesias, além de máquinas de escrever e fotográfica, óculos e documentos pessoais. Desde que assinou o termo de adoção, em novembro do ano passado, o volume de peças destinadas à exposição tem aumentado. “Recebemos há poucos dias uns manuscritos maravilhosos que pretendemos encaixar no projeto”, disse a arquiteta.
Aos 86 anos, em plena atividade, este alagoano, natural de Maceió, tornou-se umas das figuras de maior destaque na literatura moderna brasileira. Suas obras, sobretudo a poesia, oscilam entre o rigor e o excesso, entre a exatidão e o transbordamento. Desde 1943, ele mora no Rio de Janeiro, onde estudou direito. Nunca exerceu. O amor pelas palavras foi mais forte.
O escritor ocupa a cadeira de número 10 da Academia Brasileira de Letras, é sócio efetivo da Academia Alagoana de Letras, sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, dentre tantos outros títulos, prêmios e condecorações. “Sou contemplado pelo o que contemplo. Sou sonhado pelo meu sonho. O que eu escrevo me descreve”, define-se.
Biografia – Filho de Floriano Ivo e Eurídice Plácido de Araújo Ivo. Lêdo Ivo nasceu em Maceió, no dia 18 de fevereiro de 1924. Casou-se com a professora Maria Lêda Sarmento de Medeiros Ivo e teve três filhos: Patrícia, Maria da Graça e Gonçalo.
Aos 16 anos, mudou-se para Recife. Foi lá na capital pernambucana que Lêdo teve seu primeiro contato com a literatura. Chegou a colaborar na imprensa local. Em 1943, transferiu-se para o Rio de Janeiro (onde mora atualmente) e cursou direito pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil.
A admiração pelas letras fez o jovem escritor ingressar carreira de jornalista profissional na imprensa carioca. Foi redator da Tribuna da Imprensa e da revista Manchete, colaborador de O Estado de São Paulo e editorialista do Correio da Manhã.
Em 1944, estreou na literatura com um livro de poesias chamado As Imaginações. Em seguida, publicou Ode e Elegia – agraciado com o Prêmio Olavo Bilac. O primeiro de muitos.
Em 1947, seu romance de estreia, As Alianças, mereceu o Prêmio de Romance da Fundação Graça Aranha. Ao livro de crônicas A Cidade e os Dias foi atribuído o Prêmio Carlos de Laet, da Academia Brasileira de Letras. Finisterra levou o Prêmio Luiz Cláudio de Sousa, na categoria poesia, do PEN Clube do Brasil, e o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro e o Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal.
Como memorialista, publicou Confissões de um Poeta (1979), que mereceu o Prêmio de Memória da Fundação Cultural do Distrito Federal, e O Aluno Relapso (1991). Seu romance Ninho de Cobras foi traduzido em diversos idiomas. Por esta obra, recebeu o Prêmio Nacional Walmap, de 1973. Seus poemas foram publicados no México, Espanha, Holanda e Estados Unidos. Nove anos mais tarde, Lêdo Ivo foi agraciado com o Prêmio Mário de Andrade, conferido pela Academia Brasiliense de Letras ao conjunto de suas obras.
O escritor é sócio efetivo da Academia Alagoana de Letras, sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas e sócio efetivo da Academia Municipalista de Letras do Brasil.
Foi eleito em 1986 para a Academia Brasileira de Letras, cadeira nº 10, sucedendo Orígenes Lessa, é sócio honorário da Academia Petropolitana de Letras e sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal.
Nas condecorações recebeu a Ordem do Mérito dos Palmares, no grau de Grã-Cruz; Ordem do Mérito Militar, no grau de Oficial; Ordem de Rio Branco, no grau de Comendador.