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Penedo

Museu do Rio São Francisco será o primeiro federal do Nordeste

O Museú será instalado no Chalé dos Loureiros

A cidade histórica de Penedo terá o primeiro museu federal do país. O chalé conhecido como dos Loureiros, que data do fim do século XIX, está sendo restaurado, desde fevereiro, para abrigar o Museu do Rio São Francisco.

O presidente da Fundação Casa do Penedo, autora do projeto, Francisco Sales, afirmou que o processo de federalização do acervo deve sair em outubro. A instituição conta com o apoio do presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), José do Nascimento Júnior, da bancada de deputados e senadores de Alagoas, além de intelectuais envolvidos com a causa.

Entre as peças que ilustrarão o museu estão fotografias que remontam a história do pescador e atividades do homem ribeirinho; objetos e fotos da passagem de D. Pedro I e D. Pedro II pela cidade; salas com jornais antigos da cidade; peça em madeira da roda dos ‘injeitados’, na qual os bebês eram abandonados por mães solteiras, que ficava em frente à Igreja da Penha; sala com instrumentos de tortura usados para punir os escravos, a exemplo de algemas e palmatória, e outros registros de igual riqueza, a exemplo da passagem dos holandeses por Penedo e seu marco na história.

De acordo com Sales, a construção do chalé foi um marco do desenvolvimento urbano da cidade, hoje conhecida como a Ouro Preto do Nordeste. A casa foi palco de luxuosos eventos e festas, a exemplo do baile de máscaras, que movimentou a pacata cidade. O chalé que se tornará uma espécie de casa da memória de Penedo foi construído, segundo relatos históricos, pelo engenheiro sanitarista José Loureiro. A Fundação Casa do Penedo reconhece a importância cultural do imóvel e investe no resgate da sua beleza original.

O Museu tem o apoio do Ibram e a restauração conta com recursos provenientes da Lei Roaunet de incentivo à Cultura do Ministério da Cultura (MinC). O projeto arquitetônico foi aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O museu terá salas de exposições culturais e será ponto de pesquisa para estudantes, professores e estudiosos das variadas áreas do saber.

O Museu do Rio São Francisco será o primeiro de Alagoas a receber um sobreforro em fibra de vidro com aditivo antichamas e antirraios ultravioletas, tornando o imóvel impermeável e garantindo a conservação do material do acervo.

O arquiteto Renato Leal, consultor de Restauração da empresa Concreta-Tecnologia em Engenharia, vencedora da licitação para execução da obra, assegura que apenas os museus da Bahia e Pernambuco, na região Nordeste, contam com esta tecnologia.

O museu está orçado em R$ 8 milhões. O BNDES acordou com apoio financeiro na ordem de R$ 1,5 milhão, recursos que já estão sendo aplicados na primeira etapa da obra, ou seja, na recuperação estrutural do imóvel. O imóvel tem aspecto residencial e, com a restauração, ganhará características de museu e arquitetura adaptada ao século XXI.

“Terá tecnologia embutida, em uma adequação de casa do século XIX às necessidades de um museu do século XXI”, destacou Leal.

Tornar o imóvel moderno, resgatando a riqueza e beleza de detalhes nobres de uma época passada é o desafio da equipe de engenheiros, arquitetos e técnicos que, há seis meses, trabalham na restauração do museu. “Foram feitas prospecções estratigráficas para identificar a cor original do imóvel. Pesquisamos as diversas camadas de tinta das fachadas, da última para a primeira, e encontramos sob várias delas, em um cômodo e na circulação (corredor), oito medalhões com paisagens européias, provavelmente feitas pelo pintor italiano chamado Breda”, destacou o arquiteto.

Outras relíquias foram encontradas no corredor – do piso ao teto – em forma de pinturas de pássaros e flores que serão restaurados. “Descobrimos ainda sob as camadas de tintas, pintura de fingimento, ou seja, um material imitando mármore”, disse Leal, assegurando que a arte será resgatada.

Imóvel teria caído

A engenheira Fátima Melo, responsável pelo acompanhamento e fiscalização da obra, disse que se esta primeira etapa não fosse executada antes das fortes chuvas que caíram em Alagoas, o imóvel teria caído, considerando que a estrutura física era precária.

Segunda Etapa

A segunda etapa, prevista para começar em outubro, incluirá a restauração dos pisos, esquadrias, revestimentos, instalações hidráulicas e elétricas (com equipamentos de luz do primeiro mundo); sistema de proteção contra descargas atmosféricas, entre outros trabalhos relevantes à conclusão da obra. O interior do imóvel terá de volta as cores pastéis com nuances de verde e azul e a fachada; vermelho ocre (tipo ferrugem) e bege.