Até o final deste ano, os municípios alagoanos deverão implantar o Programa de Controle e Manejo de Escorpiões. Para isso, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) está realizando, até quinta-feira (25), em Viçosa, capacitação com os agentes de controle de endemias da 4ª Região de Saúde, visando criar uma referência para o atendimento às vítimas de picadas do animal. A capacitação começou nesta terça (23).
Segundo a técnica do Programa de Controle de Acidentes com Animais Peçonhentos, Silvana Tenório, anteriormente já foram contemplados os municípios da 9ª Região de Saúde. Logo em seguida, foram capacitados os agentes da Região Metropolitana e, nessa terceira etapa, estão sendo atendidos os municípios de Paulo Jacinto, Quebrangulo, Viçosa, Atalaia, Boca da Mata, Anadia, Chã Preta, Cajueiro, Capela, Pindoba e Mar Vermelho.
“É importante que cada município tenha uma referência para atender as vítimas de acidentes com escorpiões, que possa orientá-las sobre o atendimento correto. Os técnicos capacitados também estarão preparados para fazer o bloqueio na região, visando combater o animal”, disse Silvana, ao ressaltar que Maceió já implantou o Programa de Controle e Manejo de Escorpiões.
Dados
Ela destacou que na 4ª Região de Saúde as notificações de acidentes não são consideradas altas. De 2008 a 2012, foram 674, sendo que Paulo Jacinto e Quebrangulo registram o maior número de casos, sendo 156 e 147, respectivamente. Em Alagoas, foram registrados 23.258 durante o mesmo período. Desse total, 95,13% foram classificados como leves, 1,80% como moderados e apenas 0,31% foram considerados graves.
Maceió lidera o número de ocorrências, seguido de Arapiraca, Teotônio Vilela, Penedo, Palmeira dos Índios, Campo Alegre e Rio Largo. Este ano, até o dia 20 de abril, houve o registro de 1.673 acidentes.
Na capital alagoana, o Jacintinho está na lista dos bairros com mais acidentes, até abril foram 59. O Tabuleiro do Martins está na segunda colocação, com 46 casos, e o Vergel do Lago é o terceiro colocado, com 35. Boa parte dos casos acontece na periferia, mas na relação há o registro de ocorrências na área nobre, como Jatiúca, Pajuçara e Ponta Verde.
A maioria dos casos registrados em Alagoas não apresenta gravidade. Mesmo assim, Silvana Tenório afirma que a vítima deve procurar de imediato o serviço de saúde mais próximo de sua residência. Em Maceió, o atendimento deve ser realizado nos miniprontos socorros, onde o médico fará a avaliação e, dependendo da situação, deve ser realizado o bloqueio analgésico, visando evitar a dor. Já os casos moderados e graves devem ser encaminhados para o Hospital Escola Hélvio Auto.
Prevenção
De acordo com a técnica, para evitar acidentes em casa, a população deve acondicionar bem o lixo, visando não atrair baratas, que fazem parte da cadeia alimentar do escorpião, além de não entulhar material de construção. Ela ressalta, ainda, que é importante limpar com frequência as caixas de gorduras e mantê-las vedadas, bem como manter fechados os ralos dos banheiros, deixar camas e berços afastados das paredes e, antes de utilizar sapatos, toalhas e roupas, verificar que não há um escorpião agarrados a eles.
Em caso de acidentes, Silva Tenório frisou que deve se evitar amarrar ou fazer torniquete, além de não aplicar qualquer tipo de substâncias sobre a picada e nem fazer curativos, para não favorecer a ocorrência de infecções. “Também não devem ser oferecidas bebidas alcoólicas ao acidentado ou outro líquido, pois não têm efeito contra o veneno e podem agravar o quadro. O ideal é procurar uma unidade de saúde para que o paciente receba o atendimento correto”, recomendou.
A espécie “Tityus stigmurus”, conhecido como escorpião amarelo do Nordeste, é o responsável por aproximadamente 100% dos acidentes em Alagoas. Por isso, ainda de acordo com a técnica do Programa de Controle de Acidentes com Animais Peçonhentos, as ocorrências registradas no Estado são leves, mas podendo resultar em casos moderados e graves, principalmente se afetar crianças, idosos e pessoas com imunidade baixa. Elas podem, inclusive, evoluir para óbito, mas em Alagoas o último ocorreu em 2006.
