Programa mostra resultados e voluntários brotam nas comunidades
A parceria entre o governo de Alagoas e o governo federal, por meio do Programa de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), tem dado frutos positivos no enfrentamento da violência nas regiões de maior vulnerabilidade social no Estado. Um desses programas é o Mulheres da Paz, que tem se notabilizado pelas diversas ações empreendidas para construir uma sociedade mais fraterna e livre da violência.
Inserido nos chamados Territórios de Paz e financiado com recursos provenientes do Pronasci na ordem de R$ 1,3 milhão, o Mulheres da Paz está implantado em três bairros de Maceió – Benedito Bentes, Vergel do Lago e Jacintinho, identificados como os de maior vulnerabilidade social da capital. Em cada uma dessas localidades foram escolhidas cem mulheres que têm direito a uma bolsa no valor de R$ 190.
Por meio de capacitações oferecidas pela Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), as 300 mulheres divididas nos três polos têm feito a diferença no encaminhamento de jovens e idosos em risco social.
“O Mulheres da Paz tem fortalecido as redes sociais e se mostrado um programa eficaz e imprescindível nas comunidades em que está inserido. Já pude presenciar trabalhos que me deixaram emocionada, porque elas se doam, mantendo a característica natural de uma mulher que normalmente cuida de muita gente, como uma mãe, uma referência”, avalia a secretária de Estado da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos, Marluce Caldas, pasta responsável pela supervisão do projeto.
Um dos exemplos bem sucedidos citados pela secretária Marluce Caldas no trabalho do Mulheres da Paz é a parceria com base da Polícia Comunitária da Polícia Militar do conjunto Selma Bandeira, no Benedito Bentes. “Lá, ouve uma acentuada redução da criminalidade e as mulheres do programa, junto com a Polícia Comunitária, comemoraram muito um ano dessa parceria. É a vitória da vida”, completou a secretária, ao se referir às cem mulheres que desenvolvem o trabalho na comunidade.
Encaminhamento de jovens e idosos em risco, uma das missões
De acordo com a coordenadora do projeto em Alagoas, Nia Malta, as 300 mulheres que já participam há um ano do programa têm regularmente capacitações multidisciplinar na área do conhecimento humano. “Elas têm noções de direitos humanos; do Estatuto da Criança e do Adolescente; do Estatuto do Idoso; Lei Maria da Penha e vários outros conhecimentos que são aplicados no dia a dia na comunidade”, explica Nia. Ela acrescenta que as mulheres participantes foram escolhidas por meio de rigorosa seleção.
“Um dos critérios era conhecer a realidade de sua comunidade e o outro era o compromisso de elaborar relatórios semanais sobre o que encontram em termos de vulnerabilidade social”, completa a coordenadora.
Fruto desse trabalho – acrescenta Nia Malta – é que somente na comunidade do Jacintinho, onde atua um dos três núcleos, as Mulheres da Paz encaminharam recentemente 57 dependentes químicos às comunidades terapêuticas reconhecidas pelo governo de Alagoas.
“Mas o trabalho dessas mulheres é estendido também aos idosos e casos de agressão familiares e entre vizinhos. Infelizmente, a maior demanda tem sido com a problemática das drogas e nesse contexto 90% dos casos são com os nossos jovens”, destacou Nia Malta.
Cristiane Feitosa, de 31 anos, é uma das Mulheres da Paz que atuam no Jacintinho desde dezembro do ano passado. Casada e com duas filhas, ela diz que mudou o jeito de encarar o mundo depois que passou a fazer parte do projeto. “Antes eu era muito tímida, não interagia com ninguém, e hoje eu estou conseguindo me expressar muito melhor. Aprendi que todos nós podemos levar a paz aos lugares”, afirmou.
Entre outras coisas, o trabalho das Mulheres consiste em visitar as casas dos bairros e detectar problemas como a dependência química. Além de a visita às residências ser uma meta, é também um desafio. Isso porque muitas pessoas ainda se negam a receber ajuda, o que acaba dificultando o trabalho realizado pelas mulheres.
“É preciso coragem porque muitas vezes não somos recebidas nas casas. Quando isso acontece, nós agradecemos e saímos com a cabeça erguida para ir em busca de outra casa onde alguém esteja precisando de ajuda”, falou Cristiane.
Taíse Kelly Macário, 23 anos, é outra mulher da paz que atua no Jacintinho e que se diz feliz por poder ajudar a comunidade em que mora. Segundo ela, além de encaminhar dependentes químicos às secretarias de Estado para que eles possam receber a ajuda que precisam para se livrar do vício, as pessoas também recebem ajuda para tirar documentos, matricular os filhos nas escolas e ter o tratamento na área de saúde que precisam.
“Nós encaminhamos para os órgãos responsáveis, mas no caso de matrículas nas escolas, por exemplo, vamos até a instituição de ensino perguntar sobre as vagas existentes, porque criança tem que estar na escola. O projeto está tendo resultados muito positivos”, avaliou Taíse.
Reconhecimento em Brasília e solidariedade na tragédia do Estado
O trabalho que inclui o esforço concentrado no enfrentamento das drogas rendeu ao governo de Alagoas, em junho deste ano, o reconhecimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que fez a entrega do Diploma de Mérito pela Valorização da Vida pela contribuição do Estado nas ações de implementação e fortalecimento da Política Nacional sobre Drogas. Dentro desse trabalho, estava incluso o Projeto Mulheres da Paz.
Outro ponto relevante do Mulheres da Paz foi o trabalho voluntariado realizado pelas integrantes do projeto após a enchente que devastou 19 cidades de Alagoas em junho deste ano. “Por iniciativa própria, elas se engajaram no trabalho de triagem dos donativos, visitaram as cidades e levaram muito consolo às famílias, foi emocionante”, completa a coordenadora.
