Iniciando sua Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou na noite do último domingo (11) e madrugada desta segunda-feira (12) dois latifúndios improdutivos no interior do Estado. As mobilizações que vão durar todo o mês de abril já aglutinam cerca de 150 famílias Sem Terra. Em Alagoas, 5890 famílias aguardam a execução da Reforma Agrária pelo Governo.
Por volta de 23h45 de domingo, setenta famílias ocuparam a fazenda Bastião, em Traipu. A fazenda localiza-se na Zona Rural do Município, às margens do Rio São Francisco, na direção do município de São Brás. Já na madrugada desta segunda, o MST ocupou em Piranhas, a fazenda Lagoa da Cachoeira com um contingente de 75 famílias. Um imóvel de mesmo nome, localizado em frente à área ocupada já é um Projeto de Assentamento conquistado pelos trabalhadores do MST.
Com a realização da Jornada de Lutas em nível nacional, no mês de abril, o Movimento relembra o massacre ocorrido em 1997, no município de Eldorado dos Carajás, quando a polícia do Pará executou dezenove agricultores durante uma mobilização. A memória dos companheiros que tombaram leva, todos os anos desde então, milhares de camponeses em todo país a intensificarem suas reivindicações para conquistar sua terra, extinguir o violento latifúndio e consolidar novos modelos de produção e convívio com a Natureza.
A situação do campo em Alagoas também é de intimidação e violência. No Sertão, onde hoje se ocupa o latifúndio improdutivo (realmente abandonado) Lagoa da Cachoeira, os agricultores viveram momentos de apreensão, quando um dos militantes do MST de Inhapi foi preso e torturado na cadeia para intimidar as ações dos Sem Terra no mês passado.
A pauta do Movimento com esta Jornada vai desde a ampliação das áreas de assentamento, benefício apenas encontrado com a pressão das ocupações dos latifúndios, até a atualização dos índices de produtividade, promessa descumprida pelo Governo Lula depois da Jornada de Lutas de Agosto de 2009. A estrutura quase inerte do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) é incapaz de realizar o Plano Nacional de Reforma Agrária, proposta do próprio governo para o campo brasileiro.
Com a realização de uma reforma agrária popular, a velha lógica da exploração seria substituída pela da cooperação, alterando a realidade do camponês que hoje sofre com a expulsão de suas terras e violência nas periferias das cidades.