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Maceió

MST ocupa bancos por políticas de combate aos efeitos da estiagem

Mais de 1500 famílias organizadas no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estão mobilizadas em três regiões de Alagoas para denunciar a incapacidade dos governos de estabelecerem políticas de combate aos efeitos da seca que assolou o Nordeste nos últimos meses. Três agências do Banco do Nordeste (BNB) estão sendo ocupados como forma de questionamento ao crédito estiagem e outras políticas que não chegam na ponta, para a população.

Com um grande contingente de agricultores oriundos da Zona da Mata, o Movimento chega à capital Maceió para ocupar a superintendência estadual do BNB. Mais de quinhentos Sem Terra partiram em carreata do acampamento Dandara, em frente ao Campus Arapiraca da Universidade Federal de Alagoas, até a sede do banco no município e, no Sertão, outro contingente ocupa a agência do banco de Mata Grande, em crítica às políticas para a Reforma Agrária de Dilma.

“Vemos muita propaganda, mas as políticas não se efetivam, e, quando vêm, somente aparecem conjunturalmente, sem alterar as bases dos problemas”, afirma Débora Nunes, da Coordenação Nacional do MST. “É claro para nós que a questão da seca não é estritamente um problema climático, mas a consequência das políticas dos governantes para a região historicamente atingida, para manter a política de dependência, clientelismo, coronelismo”, adverte.

Os agricultores avaliam que políticas estruturais nunca chegam, como a garantia do acesso à água, cuja ausência mobiliza a rede de privatização das águas, hoje escancarada nos carros-pipa e toda indústria da seca. Esclarecem também que a minimização das consequências de estiagem depende ainda de outras políticas, como a prestação de Assistência Técnica e Extensão Rural – Ater por parte do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

O Incra encerrou a prestação do último convênio de Ater no fim de 2011 e até agora, assentamentos de toda Alagoas estão sem orientação técnica e social, direito negado por ingerências no órgão e na política de Reforma Agrária. O Governo Dilma está impondo uma agenda negativa à Reforma Agrária, com diminuição de orçamentos, estruturas do Incra, aquisições de terra e políticas destinadas às famílias.

Sem a devida Assistência Técnica, os formulários de acesso a créditos, como o estiagem por exemplo, já burocráticos, se tornam intransponíveis pelos agricultores, afastando-os dos benefícios ora anunciados. Cobrando também a negociação de dívidas adquiridas com os bancos, entre 26 e 28 de junho agricultores de Alagoas e outros Estados de Nordeste e Sul se mobilizam numa jornada conjunta que alerta para a situação emergencial vivida pelas regiões.