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Alagoas

MPT/AL vai avaliar consequências do pagamento por produção do corte de cana

Audiência reuniu cerca de 80 pessoas

Procuradores do Ministério Público do Trabalho (MPT), representantes da classe trabalhadora, de empresas de açúcar e álcool e da sociedade civil discutiram o pagamento por produção no corte da cana e os possíveis danos causados à saúde dos trabalhadores através dessa forma de remuneração. A audiência pública aconteceu no auditório do Ministério Público Federal (MPF) e reuniu cerca de 80 pessoas.

Na abertura da audiência, a Procuradora-Chefe do MPT, Virgínia Ferreira, ressaltou o quanto é penosa a atividade do corte da cana e explicou que é fundamental a ampla discussão para a mudança dessa cultura. “É inadmissível a forma que o trabalhador utiliza para aumentar seu ganho. Infelizmente não temos muitas alternativas de trabalho, e queremos lutar para que o empregador cuide da saúde do seu trabalhador”, frisou.

O vice-presidente da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (CONAETE), Luiz Carlos Fabre – Procurador do Trabalho em São Paulo – veio a Alagoas para participar do debate e destacou que o risco da atividade econômica não pode ser transferido para a classe trabalhadora. “Queremos buscar a continuidade da produção de açúcar e álcool em todo o país, mas que essa atividade represente bem-estar para o trabalhador”, disse Fabre.

Ao final das discussões, ficou definido que o MPT irá propor uma comissão – formada pelos representantes das classes interessadas – para avaliar, minuciosamente, as consequências do pagamento por tonelagem nos canaviais e encontrar a melhor forma de garantir a saúde e segurança do trabalhador.

Atividade penosa

Atualmente, de acordo com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag/AL), um assalariado rural em Alagoas – como é chamado o empregado do corte da cana – recebe salário fixo no valor de R$ R$ 746,00. Ainda há o pagamento adicional para os empregados que alcançarem maior produção. As empresas do setor sucroalcooleiro pagam, em média, R$ 6,00 por tonelada de cana cortada.

O secretário de assalariados da Fetag/AL, Cícero Domingos, reconheceu a importância de melhorar a forma de remuneração no campo e defendeu que a mudança ocorra de forma geral. “Precisamos que o trabalhador permaneça no setor, com seu emprego, mas não concordamos que apenas o empregado “Facão de Ouro” receba benefícios. Queremos melhorias para todos”, disse Domingos.