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Meio Ambiente

Mortandade de peixes mobiliza diversos órgãos em busca de solução

A identificação da bactéria aeromonas em peixes da espécie tilápia, na Laguna Manguaba, na altura do município de Pilar, motivou, na tarde de hoje (20), uma reunião entre representantes dos pescadores artesanais e órgãos dos governos federal e estadual. A intenção é encontrar uma solução para o problema da contaminação e os perigos que podem oferecer à população.

“Essa bactéria é presente em todo tipo de água. O que pode ter havido é um estresse maior nos peixes, causado por exemplo pelo aumento da turbidez ou diminuição de oxigênio. Isso aumenta a vulnerabilidade das espécies mais sensíveis, como a Tilápia que é exótica”, disse Ricardo César, diretor técnico do Instituto do Meio Ambiente (IMA).

Ele lembrou que no início do mês o IMA fez coleta de águas em três diferentes pontos da Laguna Manguaba, devido ao aparecimento de espécies, como mandim e bagre, mortas. As amostras passaram por análise físico-química e indicaram baixo Oxigênio Dissolvido (OD) em dois pontos, na foz do rio Sumaúma e no Canal dos Escravos – em Marechal Deodoro.

“Mas, vale considerar que são dois problemas distintos. Naquele momento os peixes que apareceram mortos são os que vivem no fundo e foram provavelmente afetados pelo revolvimento dos sedimentos pelas chuvas e devido a dinâmica hídrica da Manguaba”, comentou Ricardo. Ele disse ainda que em outras análises recentes foi constatado também baixa de OD em outros pontos. Os relatórios serão enviados à representante do Ministério da Pesca e Aquicultura, para construção do diagnóstico.

Segundo Maria Eliane Morais, presidente da Federação dos Pescadores de Alagoas (Fepal), há uma preocupação com a repercussão das notícias sobre a mortandade e com as condições de sobrevivência para os pescadores. Ela disse que aguarda a chegada de 45 mil toneladas de alimentos que deveriam ser destinados aos pescadores que vivem na região do semi-árido. “Uma parte desses alimentos será destinada ao pessoal do Pilar”, comentou.

Os representantes das Colônias Z4, Z5, Z8 e Z16 argumentaram que há o registro de mortandade em outros anos, em peixes de diversos tamanhos e de outras espécies. Eles disseram que a preocupação aumentou por conta da quantidade de peixes que apareceram mortos nesse ano. Eles comentaram ainda que o período da mortandade é geralmente no início do período de chuvas.

Lilian Azevedo, da coordenação regional de sanidade pesqueira do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), deverá fazer coleta de espécimes para análise amanhã (21). “Nós recebemos um vídeo e decidimos fazer uma coleta para ter um diagnóstico oficial para verificar se há alguma outra origem do problema, além do diagnóstico feito pela Universidade”, disse.

“É importante lembrar que o resto do peixe está normal, porque é grande quantidade de peixe consumido em todo o estado”, argumentou Manoel Sampaio, da Secretaria de Estado de Pesca e Aquicultura (Sepaq). Também esteve presente na reunião o superintendente federal da Pesca e Aquicultura em Alagoas.