A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), de 61 anos, informou neste sábado (25) que retirou um tumor de 2 cm em sua axila esquerda. Segundo seus médicos, o tumor era um linfoma, um câncer do sistema linfático (parte do sistema de defesa do organismo). Ele foi retirado para ser avaliado e, de acordo com a equipe médica, exames posteriores detectaram que ele era o único foco da doença no organismo.
Dilma deu entrevista com seus médicos Roberto Kalil Filho, Paulo Hoff e Yana Novis na tarde deste sábado no Hospital Sírio-Libanês em São Paulo.
Segundo os médicos, Dilma deve passar agora por quatro meses de quimioterapia preventiva para evitar o surgimento de novos nódulos. Para facilitar a administração dos medicamentos nesse período, ela passou por uma cirurgia de implantação de um cateter embaixo do braço direito.
Dilma Rousseff é considerada o principal nome do PT para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010. Em 15 de abril, em entrevista à Rádio Globo, Lula disse: “Fazer minha sucessão é uma tarefa gigantesca. Todo mundo sabe que tenho intenção de fazer com que Dilma seja candidata do PT e dos partidos, mas se ela vai ganhar vai depender de cada brasileiro”.
No entanto, a ministra não quis comentar o impacto do tratamento em uma eventual campanha eleitoral no próximo ano.
Apesar da quimioterapia, Dilma afirmou que não vai reduzir nem diminuir suas atividades. “Vou manter minha atividade como ministra no mesmo ritmo. Esse tratamento não implica que eu tenha que me retrair ao deixar de comparecer à minha atividade. Acredito que até vai ser um fator para me impulsionar. Na vida, a gente enfrenta desafios. Esse é mais um desafio”, disse.
“A quimioterapia é algo muito desagradável, mas como tantos homens e mulheres que enfrentam esse desafio e superam, eu tenho certeza que nesse caso que eu vou ter um processo de superação dessa doença”, afirmou a ministra.
Detecção e tratamento
O nódulo foi detectado em exames de rotina feitos na ministra há cerca de 30 dias, segundo a equipe do hospital. Dilma afirmou que em nenhum momento apresentou qualquer sintoma. “Estou me sentindo muito bem até por que essa doença não tem nenhum sintoma”, disse ela.
Após a detecção, o gânglio afetado foi retirado para análise laboratorial, que detectou que o nódulo era um tumor maligno em seu estágio mais inicial. Segundo a equipe médica, a ministra passou então por exames extensivos que confirmaram que aquele era o único foco da doença em seu organismo. “O único nódulo que existia foi retirado,” afirmou a hematologia Yana Novis.
De acordo com os médicos, a perspectiva para o tratamento é “a melhor possível” — mais de 90% de chances, de acordo com Kalil.
Dilma já passou por uma sessão de quimioterapia, mas afirmou que não sofreu com nenhum sintoma. “Os efeitos colaterais esperados são mínimos”, disse Novis. Ela deve passar por novas sessões de quatro horas cada, uma vez a cada três semanas pelos próximos quatro meses, em São Paulo.
Aliados políticos, como o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, estiveram no hospital para conversar com Dilma. O vereador José Américo Dias, presidente do diretório municipal do PT em São Paulo, disse que ficou sabendo da doença da ministra pela imprensa, neste sábado. “Foi uma surpresa para mim e para muita gente do PT, mas creio que a estratégia de manter sigilo até saber da extensão da doença foi acertada”, disse. Para ele, a notícia da doença não afetará em nada os planos políticos do PT.
Em outubro de 2007 , a ministra chegou a ficar internada com diverticulite aguda, uma inflamação que poderia comprometer o intestino.